Por um Esplanada dos Ministérios mais humanizada!
Por um funcionário público mais feliz!
Por um bronzeado mais duradouro!
Para um Brasil efetivamente de todos!
Vamos nos encontrar na próxima sexta-feira, dia 28 de setembro de 2007, na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso Nacional, às 12h.
Tragam protetores solares, bronzeadores, óculos escuros, sungas, biquínis, chapéus, garrafinhas de água e o que mais acharem necessário para garantir a sua felicidade e bronzeado permanente!
Inscreva-se na nossa luta. Mande seu nome e eventuais sugestões ou críticas, clicando abaixo em 'pensées rappelées'.
Não tem problema se a chuva vier regar o que há de seco em nós nesse dia: todos de camiseta branca!
terça-feira, 25 de setembro de 2007
Mein Kampf
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Silvio Garcia Martins Filho
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Aqua pluvialis
a chuva
e lave
o que
há de seco
em mim
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Silvio Garcia Martins Filho
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sábado, 22 de setembro de 2007
Loucuras da infância
1- Parque de diversões para formigas: virava a bicicleta de rodas para cima e voilà! Aposto que elas se divertiam quase tanto quanto eu.
2- Enterrar formigas no jardim: já 'devidamente' mortas, com direito a caixão de caixinha de fósforo e cruz de palitos de fósforo.
3 - "Ressuscitar": elas de novo, as formigas (pelo menos acreditava que era eu quem fazia isso): congelava as artrópodes em vidros daquelas bolinhas de homeopatia e, dias depois, deixava elas no sol até o milagre acontecer... algumas vezes elas não voltavam à vida. :(

4- Procurar petróleo no jardim: eu pegava um toquinho de madeira e enfiava na terra; em seguida, enfiava outro toquinho em cima daquele, e outro, e outro... nunca aconteceu nada, claro.
5 - (censurado)
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Silvio Garcia Martins Filho
3
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sexta-feira, 21 de setembro de 2007
Quidnunc
quidnunc \KWID-nunk\ noun
: a person who seeks to know all the latest news or gossip : busybody
Exemplo: Those who criticize Joanne for being a quidnunc are usually the first to go to her when they want to know the latest gossip.
(c) 2007 by Merriam-Webster, Incorporated
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Mais um momento de fervor católico. Confissão: volta e meia me pego flertando com o mundinho hype-trendy-cool. Leio colunas sociais, vou para festinhas legais com gente “legal”, procuro ver e ser visto.
Shame on me! Após ler o adjetivo “bem-nascido” (tem hífen, ok?!) ao lado do nome de um jet-setter brasiliense em uma entrevista aí, não pude deixar de me sentir mal.
Perdão, pequei.
Sou “mal-nascido”. Não venho de família nobre. Não tenho um loft bem-decorado no plano piloto. Entretanto, não cabe aqui falar de onde vim. Não quero lágrimas por um passado sem champagne ou tênis importados. Não que eu não goste deles hoje, muito pelo contrário; mas como se avalia o mérito do sujeito de família nobre que teve acesso a boas escolas, que viajava para o exterior nas férias, que sempre teve bons livros em casa, conversas edificantes durante o jantar, enfim, a elementos que subsidiam o desenvolvimento intelectual? Às vezes acho que não fizeram mais do que a obrigação, pois não foram contra o que deles se podia esperar. Há, verdade, aqueles que se destacam pela originalidade, pelo empreendedorismo, pelo carisma, pela bondade. Mas ser bem-nascido por si só NÃO é mérito algum, apenas sorte (?).
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Silvio Garcia Martins Filho
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sábado, 15 de setembro de 2007
Pensiero e promessa del giorno
Um grande amigo que vocês não conhecem muito sabiamente me fez refletir sobre a singeleza de uma verdade incontestável:
"O dia 15 de setembro de 2007 terminou. Nunca haverá outro."
As implicações dessa simples contestação são grandes e não ajudam muito a curar minha ansiedade sem fim. Não é fim de ano ainda, momento usualmente dedicado a reflexões do gênero, mas eu parei alguns minutos para pensar nos meus passos e fatos recentes:
1980 - Nasci em Floripa/SC.
1984 - Minha memória mais antiga.
1986 - Minha primeira bicicleta.
1987 - Alguns ensaios de empreendedorismo (ou mesquinharia mesmo): alugava revistinhas usadas.
1990 - Me dedico à natação, ao estudo da língua inglesa e da matemática. Pouca coisa mais me interessa. Não sou aceito nos grupinhos, não encaixo, não tenho roupas legais, não entendo o mundo.
1991 - Começam as transformações que me fazem recusar aquele corpo como meu. Espinhas, barba, mãos e pés imensos. Tudo contribuía para a feiúra crescente.
1992 - Meu prognóstico: não passaria dos 20, quiçá dos 22. Saio de uma escola particular, razoável, para uma escola pública, péssima. Nunca mais voltei a ter bons estudos. Aliás, conto nos dedos os bons professores que tive nos anos seguintes.
1993 - Madonna e Michael Jackson vêm ao Brasil. Me lembro de estar deitado no quartinho do quintal da minha casa, ouvindo ela cantando, ao vivo, e eu chorando por não poder estar lá.
1994 - Pesadelos constantes com a piscina do clube no qual eu nadava (já estava quase entrando para a equipe de competição) e o ódio mortal daquele frio que fazia nos invernos florianopolitanos me fizeram largar a natação. Trabalhei dois meses em uma lanchonete com o intuito de juntar um $$ para comprar um teclado. Começo a vasculhar os discos dos vizinhos em busca da música dos grandes mestres.
1995 - Ano importante: Começo os estudos de piano na Udesc. No meio do ano me mudo para Guaratinguetá - chovia em Floripa -, de ônibus, deixando para trás a segurança, deixando aqueles que pensava que seriam meus amigos para sempre - errei - e com a certeza que nunca mais seria o mesmo - acertei.
1996 - Meu primeiro festival de música: me lembro de chorar a minha mediocridade por duas semanas. Não tinha amigos, não lia, não ia ao shopping, e só tinha ido ao cinema para ver filmes dos Trapalhões quando era pequeno. Minha primeira namorada, meu primeiro beijo. Lembro da lua naquela noite.
1997 - Chego em Brasília, de ônibus - chovia -, sozinho, no dia do meu aniversário. Começo a conhecer pessoas que me incentivam intelectualmente.
1998 - Saio do meu quarto sem janela no cruzeiro velho e vago sem rumo por horas; queria chegar onde nada importasse; chovia; deito no chão da rua por um bom tempo e espero o tempo agir; nada aconteceu. Entro na UnB, depois de dois vestibulares fracassados.
2000 - Tendinite. 6 meses sem tocar. Para esquecer a dor, eu canto.
2002 - Formatura. Conheci o amor.
2003 - Fui feliz e sofri por amor.
2004 - Por amor, larguei tudo e fui para o além-mar. 3 meses apenas para ver que tudo aquilo era de vidro e se quebrou. Volto para o Brasil, com uma mochila apenas, e sem coração.
2005 - Ainda sofro por aquilo tudo... Sinto o peso de 1/4 de século
2006 - Tento consertar o anel, sem sucesso. Desisto do anel e do coração.
2007 - Já? 27 anos, sem rumo, lost e sem Lost, que só tem no ano que vem!
Conclusão: Nesse quarto de século a essência desgarrou-se do corpo. Agora ela vaga sozinha, em busca da sua matéria, enquanto esta se entrega aos prazeres momentâneos. Os outros apenas vêem em mim o que é carne e resultado de experiências carnais.
Terá o céu, o inferno, o mar e as estrelas quem reconhecer em mim a essência.
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Silvio Garcia Martins Filho
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Inutilia truncat
Última confissão, prometo! Nada muito metido a filosófico.
Dia desses, ao guardar os itens recém-comprados em uma farmácia (algo bem essencial, juro!), me dei conta que tenho mais cremes/xampus/etc. que minha mãe.
Tive a curiosidade de listar o que tem ali no meu armariozinho do banheiro para ver o que era realmente essencial.
Vamos a um passeio virtual pelo meu banheiro?
(me senti agora recebendo a visita do Gugu naquele programa - ainda existe? - em que ele visitava algum artista e vasculhava a casa inteira do famoso em busca de alguns itens e, a cada item encontrado, o sujeito ganhava algum dinheirinho. Acho que estou me preparando para esse encontro)
- 4 perfumes;
- 1 protetor solar, sem óleo;
- 1 hidratante para o corpo;
- 1 hidratante para o rosto;
- 1 bronzeador;
- 1 tubinho de silicone para cabelo;
- 1 gel - fibra textura cola;
- 1 gel - normalzinho;
- 1 creme para pentear;
- 1 cera para cabelo;
- 1 adstringente;
- 1 sabonete líquido (para fazer a barba);
- 2 espumas para fazer a barba;
- 1 xampu anti-caspa (eu nem tenho!);
- 1 xampu de bebê;
- 2 vidros de sabonete líquido (verbena e pitanga);
- 1 xampu e 1 condicionador de uma marca;
- Outro xampu de outra marca, 2 em 1;
- Mais outro 2 condicionadores de outras marcas;
- 1 sabonetezinho legal para as mãos;
- 4 caixas de sabonete com hidratante;
- 2 aparelhos de barbear;
- Outro aparelho de barbear, elétrico;
- Anti-séptico bucal;
- Protetor labial;
- 2 tubos e meio de lubrificante (...);
- Vários preservativos;
- 1 caixa de cotonetes;
- 3 caixinhas de fio dental (?!);
- 1 bepantol;
- 1 escova de dentes;
- 1 pasta de dentes;
- um potinho de algodão;
- 2 desodorantes;
- lentes de contato;
- Renu;
- 1 colírio;
- 1 Salsep;
- 1 albicon;
- 1 kuramed;
- 1 lens cleaner;
- 1 omcilon;
- 1 vodol;
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Silvio Garcia Martins Filho
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quinta-feira, 13 de setembro de 2007
Sappho de Lesbos
Preciso compartilhar uma experiência que me fez sentir compaixão das mulheres que vão às festas gays em busca de boa música e diversão, mas sofrem com a falta do sexo oposto: fui a uma festa de lésbicas, uma prévia da III Parada Lésbica de Brasília, que vai acontecer dia 16/09/07, às 15h, na W3 Sul.
É incrível como alguns universos nos passam tão despercebidos, não é mesmo? Que isso passe a ser cada vez menos verdade!
...ahn, sim, foi muito, muito divertido!
Go girls!
*A imagem é uma reprodução de "Safo", por Charles-August Mengin (1877)
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Silvio Garcia Martins Filho
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quarta-feira, 12 de setembro de 2007
Just sharing
Meus amigos, coitados, sabem o que é meu mau humor.
Desta vez não vou descontar neles, mas no meu blog.
Não agüento mais:
- CENSURADO -
Invejinha dela.
Pronto, falei.
Passou? Não.
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Silvio Garcia Martins Filho
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quinta-feira, 6 de setembro de 2007
Arte das Musas - setembro/2007
Como já falei, todo mês sai um texto meu na intranet do ministério no qual trabalho. Abaixo copio o que escrevi neste mês. Lembro que o público é leigo e meu objetivo é trazer esse público mais para perto da música erudita. Comentários são bem-vindos.
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Quem se lembra de Tom Hulce e suas risadas histriônicas no seu papel de Mozart no vencedor de vários Oscars de 1984, “Amadeus”, ou do introspectivo Gary Oldman na pele de Beethoven em “Minha amada imortal”, já deve ter alguma idéia do que seja o classicismo. Isso porque Wolfgang Amadeus Mozart (Salzburgo, na atual Áustria, 1756 – Viena, 1791) e Ludwig van Beethoven (Bonn, Alemanha, 1770 – Viena, 1827) são, juntamente com Franz Joseph Haydn (Rohrau, Áustria, 1732 - Viena, 1809), os maiores expoentes da época.
Em “Amadeus”, conta-se uma história romantizada da vida de Mozart, inspirada em uma peça de Pushkin, na qual se trata da relação entre o Homem e Deus, entre o gênio e a mediocridade. No outro filme, o fio condutor é a história de uma carta de amor, escrita a lápis, encontrada após a morte de Beethoven, sem qualquer indicação sobre sua destinatária. "Meu anjo, meu tudo, meu eu…", dizia a carta, redigida em tom de lamento.
Seguindo com a apresentação dos períodos da música erudita, nesta coluna pretendo apresentar um pouco sobre o período clássico, que, como já mencionei anteriormente, costuma gerar confusões quanto à expressão “música clássica”. Lembremos que a música clássica é a música composta desde meados do século XVIII até o início do século XIX. Nessa fase, a música se caracterizou pelo zelo com a forma, pela simetria, evocando os ideais do Iluminismo, movimento humanitário e secular que enfatizava a razão, a lógica e o conhecimento.
Muitas vezes, ao lermos sobre música erudita, nos deparamos com o termo “sonata”. Na música clássica, ou seja, no período clássico, tivemos uma grande utilização dessa forma. Há que se lembrar que o termo pode denotar uma de suas duas acepções:
1) Sonata clássica: obra musical que contém três ou quatro movimentos, sendo o primeiro um movimento rápido, baseado na forma-sonata; um segundo, lento, muitas vezes em forma de variações; um terceiro movimento dançante (quando a sonata tem quatro movimentos), geralmente um minueto, dança remanescente da suíte (abordada na última coluna); e um quarto movimento de caráter mais enérgico, conclusivo.
É importante lembrar que movimentos são as ‘partes’ de uma obra, separadas por silêncio. Entre os movimentos, a intenção do compositor e dos intérpretes é preparar o ouvinte para um novo ‘clima’, motivo pelo qual os aplausos não são muito desejados entre os movimentos. Não se assuste quando estiver ouvindo uma sonata, ou uma sinfonia, e entre um movimento e outro apenas parte da platéia aplaudir e a outra derramar ‘shhhhs’, pedindo silêncio. Na dúvida, aguarde em silêncio. Ao final da obra, o(s) intérprete(s), no caso de obra instrumental, ou o maestro, no caso de obras sinfônicas (para orquestra), se levantará da sua cadeira ou se virará para o público, deixando claro o fim da execução.
2) Forma-sonata: forma musical que consiste em três partes: exposição, desenvolvimento e recapitulação. Na primeira, expõem-se os temas principais, geralmente dois ou três. No desenvolvimento, o compositor trabalha sobre os temas anteriormente apresentados. E, por fim, na recapitulação, os temas principais são reapresentados, geralmente com nova ‘roupagem’, de forma a causar um impacto no ouvinte.
Alguns podem perguntar: essa forma ficou restrita ao classicismo? Eu respondo: não. O que caracteriza o início do próximo período, o Romantismo, é a marginalização da preocupação com a forma, trocando-se o objetivismo pelo subjetivismo, pela emoção. Os períodos posteriores relaxaram a rigidez da forma, adaptando-a para seus objetivos.
Como já fiz anteriormente, e pressupondo que uma música fala mais que mil páginas, destaco a seguir algumas obras do período, por compositor, que considero relevantes.
J. Haydn
- Sonata para piano nº 50, em Ré maior, Hob. XVI. 37 (1º movimento: Allegro con brio);
- Quarteto de cordas em Si bemol maior, “da aurora”, Hob.III.78 (1º movimento: Allegro con spirito);
- Trio para piano, violino e violoncelo nº 20, em Si bemol maior (1º movimento);
- Concerto para violoncelo e orquestra em Dó maior (3º movimento: Allegro molto). O concerto é uma forma de composição na qual o compositor pretende destacar o virtuosismo de um instrumentista – neste caso, do violoncelista.
W. A. Mozart, o menino-prodígio:
- Sinfonia nº 40, K. 550, em sol menor (1º movimento: Molto allegro);
- Réquiem, em ré menor, K 626, última obra do compositor (Introitus e Kyrie).
Réquiem é uma missa para os mortos. Curioso que tenha sido esta a sua última obra, não?
- A Flauta Mágica, K 620 (Wie? Wie? Wie?);
Reparem que a letra K., seguida de um número, refere-se ao catálogo Köchel, criado pelo botânico e musicólogo Ludwig Köchel. Assim, o K. 1 foi a primeira obra catalogada de Mozart e o K.626, sua última.
L. van Beethoven, para quem o silêncio era música e dor:
- Sonata para piano nº 23, op. 57, Appasionata, em fá menor (1º movimento: Allegro assai);
- Concerto tríplice para piano, violino e orquestra em Dó maior, Op. 56 (3º movimento: Rondò alla polacca — Allegro — Tempo I)
- Sonata para violino e piano nº 9, Op. 47, “Kreutzer” (1º movimento: Adagio sostenuto - Presto);
Op., abreviatura de opus, significa "obra", sendo comumente utilizado no sentido de obra de arte. As peças musicais de alguns compositores são identificadas por um número opus, que geralmente é atribuído de acordo com a ordem de composição ou a ordem de publicação.
Adoraria escrever sobre os outros compositores da época, sobre o Mozart prodígio, sobre as angústias, a surdez e a impressionante evolução da música de Beethoven ao longo da sua vida, sobre a importância desses dois para a história da música ocidental, sobre a transição do classicismo para o romantismo ou me aprofundar nas obras acima destacadas. Entretanto, não há espaço para tanto. Mas aos que quiserem ir além, sintam-se à vontade e utilizem o espaço para comentários abaixo, apresentando suas dúvidas ou sugestões.
Abraços, bom proveito e até a próxima!
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Silvio Garcia Martins Filho
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quarta-feira, 5 de setembro de 2007
Tempus omnia terminat
Um colega que não via há muito tempo veio falar comigo depois de um concerto e perguntou se eu lembrava de uma outra amiga.
Claro que lembrava, pois tinha sido padrinho de um casamento junto com ela e nós estudamos música muito tempo juntos.
Pois... disse ele: ela faleceu, vítima do câncer, havia uns três anos.
Vejam só, o tempo, ele de novo, implacável. A gente se descuida um dia, um mês, de um amigo, arranja uma desculpa aqui, outra ali para não ver/ligar/escrever um simples e-mail, e o tempo vai passando.
Foi ontem que nos falamos... e hoje não a temos mais. Triste, muito triste.
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Silvio Garcia Martins Filho
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terça-feira, 4 de setembro de 2007
Eu e minhas chatices
Recebi dia desses uma singela 'homenagem-puxão-de-orelha' de uma colega do meu trabalho. Devidamente munido da sua autorização, publico aqui o seu poeminha:
Mefisto* e suas chatices
by Alec.
Instituindo a rigidez
Baseada no imperialismo da frigidez
Aproveita-se do que foi escrito
Pra implantar sua rispidez
Garotinho mimado,
De topete empinado.
Corpo rígido,
A maciças penas desenhado.
Contra gerundismos
E todos os “ismos” que possa perceber,
Acorda e dorme a buscar...
À procura de tudo o que o faça ser...
À caça do que possa melhorar a humanidade
E a si mesmo.
Inundando a Terra com música sabor chocolate e perfume francês
seu sorriso iluminador,
jeitinho encantador
e sotaque (orgulhosamente) mané,
É absolutamente conquistador!
Se ele gosta de festejos
Então, que o mundo o aplauda!
* No original consta meu nome.
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Silvio Garcia Martins Filho
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terça-feira, 28 de agosto de 2007
Dura lex?
Confiram aqui o artigo do Promotor de Justiça Ivaldo Lemos Júnior "Crime de homofobia: o Estado sou eu", publicado no Jornal de Brasília de hoje, 27 de agosto, caderno "Opinião", página 10. Quando acho que as coisas estão mal eu me convenço que elas ainda podem ficar piores.
Por exemplo, com os comentários de dois sujeitos ao texto desse Sr. Ivaldo:
"Esta retórica dos direitos dos Homos, não passa de afirmação gay via lei, querem na verdade serem aceitos por força de lei. Não existe direitos do gays, pura ficção, o que deve existir são os direitos do homem, no sentido universal, sem definição de cor, raça, sexo, etc. Querem na verdade com o projeto de lei estabelecer uma mordaça gay, como não tem argumentos para convencer que a prática homo é natural, normal, buscam na censura o silêncio de uma verdade. O que cabe aos homos é serem respeitados como seres humanos, como qualquer outro. Há bons fundamentos para afirmar que uma relação homo é antinatural, sem ser pré-conceituoso."
João Marcos - risomajo@yahoo.com.br
28/08/2007 - 14:47:42
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"Muito Boa a opinião do Promotor, até que enfim alguem que enxergar a verdade sobre esse assunto, que vem apresentado como sendo algo normal. Não existe esse negócio de ficar tratanto homosexuais como coitadinhos e discriminados, são uns safados, sem vergonhas que veem se aproveitando da inocência da sociedade para com suas atitudes vergonhosas e ultrajantes. Todo homossexual é pedófilo e doente que precisa de tratamento, e não de mais espaço na sociedade como se sua conduta fosse normal."
Mário Augusto de Oliveira Neto - maugusto@tc.df.gov.br
27/08/2007 - 18:47:13
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Venham cá:
Como minha mãe leria um texto assim? Ela que, teoricamente, de gay só conhece o que é esteriótipo, nunca se permitindo conhecer todo o universo que há na vida gay, como reagiria? Com mais preconceito e repulsa, com certeza. Assim como os ignorantes leitores (são apenas eles?) do Jornal de Brasília.
Perguntaria ao ilustre Promotor de Justiça (aliás, dá pra falar sobre justiça com alguém assim?) se ele se sente representado pelo Renan, ou pelo Lula, ou seja lá quem for, na sua heterossexualidade. Eu não me sinto representado pelo Prof. Mott, cujos comentários não julgo apropriados mas, enfim, ele tem direito de expressão. Há diversidade de heteros, de gays, de negros... e não podemos generalizar um movimento assim, não acham?
Acho triste um senhor como esse, tão carregado de preconceitos, trabalhar com assunto tão sério em um momento onde nossos direitos começam a se consolidar e ganhar reconhecimento público.
Aposto que se fosse há uns 50 anos, um senhor como esse diria: essas mulheres querendo trabalhar fora daqui a pouco vão achar que merecem ganhar salários como os nossos.
E depois, com os comentários desses dois outros sujeitos, como é que o Sr. Ivaldo ainda consegue dizer que a 'oposição' está desorganizada? O preconceito é praticamente uma instituição dia-a-dia fomentada com argumentos como o dele.
O mundo é tão grande mas ainda tem gente se incomodando com a existência de pessoas diferentes (lembremos, não há opção, mas orientação sexual). A dificuldade em lidar com as diferenças é um dos grandes males da humanidade. E não me venham com "Deus não quis assim", por favor! Estado laico diz algo? Às vezes me sinto perdido no meio de tanta estupidez. Não culpo minha mãe, o padeiro ou o vizinho do lado, os quais não têm repertório para tratar tais assuntos, mas mestres em Direito como o Sr. Uziel Santana (vejam um artigo seu aqui), Promotores de Justiça, e outros cidadão que se dizem preocupados com as mazelas da sociedade, com a consolidação da democracia, com a paz... Por favor, voltem para a escola.
Lamentável.
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Silvio Garcia Martins Filho
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segunda-feira, 20 de agosto de 2007
Ogni Mio Istante
"...sai
come vorrei
che fossi io
amore mio
a dirti addio…"
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domingo, 19 de agosto de 2007
Impressões não muito seresteiras
Semana passada eu toquei na Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, não como solista, mas como convidado, escondido lá atrás do Steinway e daquela celesta que era pior do que mulher de cafajeste: só cantava abaixo de paulada.
Participei dos ensaios, claro. Para isso, tive algumas horinhas de licença do meu chefe. Engraçado: mudou o ambiente, mas as diferenças não foram muitas. Foi como se eu apenas tivesse mudado de andar no meu ministério. Os músicos da orquestra são, acima de tudo, funcionários públicos. E nesse ambiente há te tudo, como em qualquer outro ambiente do Executivo: há os que pouco fazem, há aqueles que trabalham 3 vezes mais para compensar a ineficiência dos outros, há aqueles que dizem que estão trabalhando, os que só fazem o que o chefe manda (esses, a duras penas, ressalte-se), há os que se acham chefes, os que não acham nada, há músicos geniais, há medíocres, etc.
Enfim, uma peça de Nelson Rodrigues daquelas que têm o funcionário público como personagem central poderia facilmente ser adaptada para um ensaio da orquestra, com todos os matizes do grande draumaturgo.
Acho meio perigoso esse negócio de funcionário público fazendo arte. É muito bom dotar o músico de estabilidade, afinal ele já dedicou tanto tempo, tanta energia, tanto dinheiro para fomentar seu talento. Mas a postura de alguns acaba prejudicando o resultado: há muita gente acomodada com a estabilidade se esquecendo que seu objeto de trabalho é a Arte. Há que se trabalhar com esmero, com cuidado, com paixão!
No final, a impressão que ficou: dava tudo para ter estudado um instrumento de orquestra e trocar meus processos licitatórios por sinfonias de Brahms.
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Silvio Garcia Martins Filho
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Arte das musas - agosto/2007
Como comentei mês passado, todo mês sai um texto meu na intranet do ministério para o qual trabalho. Abaixo copio o que escrevi neste mês. Lembro que o público é leigo e meu objetivo é trazer esse público mais para perto da música erudita. Comentários são bem-vindos.
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Freqüentemente, em conversas sobre música erudita com amigos, ouço reclamações sobre a dificuldade em lidar com tantos nomes de compositores, de obras e estilos. Assim, minha intenção hoje é apresentar de forma sucinta alguns dos períodos mais importantes da música erudita, os seus maiores expoentes e, em alguns casos, as obras mais importantes. Faço uma ressalva apenas: escolhi simplificar bastante para que todos tenham uma visão panorâmica desta arte.
Música Medieval (séc. VI – séc. XV)
Uma das características da música erudita é sua notação musical, que permite a fiel execução do que tencionava um compositor de séculos atrás nos dias de hoje. Há indícios de notação musical no Egito e Mesopotâmia do terceiro milênio a.C. Entretanto, como a conhecemos hoje, teve início e grande desenvolvimento na Idade Média. Os nomes das notas musicais (Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si) foram extraídos das sílabas iniciais de um hino a São João Batista, intitulado Ut queant Laxis, do monge beneditino Guido d’Arezzzo (aprox. 992 – aprox. 1050).
São encontrados poucos registros de música medieval no mercado brasileiro em comparação com os dos períodos mais recentes, destacando-se os cantos gregorianos – música de apenas uma melodia, desacompanhada –, utilizados nas celebrações religiosas da Igreja Católica. Seu texto é de grande importância, revestido de importância superior à melodia, razão pela qual os monges entoam esses cantos sem qualquer impostação vocal (como a dos cantores de ópera, por exemplo). Cantar era tido como um ato de devoção. Segundo ensinamento de Santo Agostinho, “quem canta ora duas vezes”.
Dos seus compositores, podemos destacar Leonin (1135 – 1201) e Pérotin (1160 – 1236), ambos franceses.
Música Renascentista (séc. XVI)
A transição para a música da Renascença não é muito clara, uma vez que a introdução de características renascentistas foi lenta. Sob influência estética das antigas Grécia e Roma, com a substituição gradual do teocentrismo pelo antropocentrismo, a marcar a primazia do Homem sobre Deus, temos nomes como Giovanni Pierluigi da Palestrina (Itália, 1525-1594) e Claudio Monteverdi (Itália, 1567- 1643), ‘pai’ da ópera. Deste último, as óperas ainda hoje mais representadas são L'Incoronazione di Poppea e Il Ritorno d'Ulisse in Patria.
São características da época o uso do contraponto, técnica usada na composição em que duas ou mais vozes melódicas são compostas seguindo regras pré-estabelecidas, e da polifonia, que é a utilização de várias vozes com linhas melódicas distintas em uma composição musical.
Música Barroca (séc. XVII – meados do séc. XVIII)
Assim como no Barroco – o movimento estilístico e filosófico –, a música desse período trata do fervor religioso e da passionalidade, buscando-se Deus através da música. Foi uma das épocas musicais mais importantes, pela novidade das criações e influência posterior, cujos efeitos são sentidos até a atualidade, marcando também o apogeu da música instrumental.
Dentre seus compositores mais notórios, sobressaem Antonio Vivaldi (Itália, 1678-1741), Georg Friedrich Händel (Alemanha, 1685-1759) e Johann Sebastian Bach (Alemanha, 1685-1751). Do primeiro, ressalto a série de concertos para violino e orquestra chamada “As quatro estações”, da qual conhecemos muito bem o primeiro movimento do concerto “Primavera”. De Händel, destaco a suíte – que nada mais é do que uma série de danças – “Música Aquática”, demandada pelo Rei George I para ser executada sobre um barco no rio Tamis, e a “Música para os Fogos de Artifício Reais”, para comemorar o fim da guerra da Sucessão Austríaca e a assinatura do Tratado de Aix-la-Chapelle.
E do grande Bach, cuja obra ficou esquecida por praticamente um século após sua morte, destaco a obra para cravo, o antecessor do piano, a série de prelúdios e fugas intitulada “O Cravo Bem Temperado” e as “Variações Goldberg”. Estas, reza a lenda, compostas para o conde Hermann Karl von Keyserling, ex-embaixador russo na Saxônia que, acometido freqüentemente de insônia, teria solicitado a Bach uma obra a ser executada pelo talento de J. G. Goldberg, então cravista do conde, para consolar suas noites não dormidas.
Da obra coral, destaco a “Paixão Segundo São Mateus”, a “Paixão Segundo São João”, e a “Missa em Si Menor” (freqüentemente digo que essas músicas devem compor o cenário de entrada no Paraíso!). Da sua obra para instrumentos de cordas, muito significativas são as Suítes para violoncelo solo - lembrando que as Suítes são séries de danças - e as Partitas – as Suítes barrocas geralmente vinham acompanhadas de uma designação: Suítes Inglesas, Francesas, Italianas ou Alemãs, estas últimas mais conhecidas como Partitas - para violino solo, que utilizam praticamente todo o potencial desses instrumentos e que são repertório obrigatório e desafio constante para todos, pela dificuldade técnica e musical. A obra para órgão, instrumento que dominava, é extensa e genial. Há ainda diversas combinações dos mais variados instrumentos, como os Concertos de Brandemburgo, ficando de fora apenas a ópera, gênero nunca abordado pelo compositor.
Nas próximas colunas escreverei sobre os períodos posteriores da música erudita: clássico (viram por que não utilizo o termo ‘música clássica’ para o assunto desta coluna?), romântico, impressionista, moderno e contemporâneo. Há muito que escrever e pouco espaço, e assim fico sempre à disposição para esclarecer as dúvidas dos leitores. Aproveito também para agradecer os e-mails de apoio, as sugestões e comentários.
Até breve!
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Silvio Garcia Martins Filho
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