terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Obrigações

Dezembro é o mês de obrigações: festas de confraternização, amigos ocultos, listas intermináveis de presentes, festas e mais festas, despedidas, chegadas, Natal... uma chatice só! Odeio TER que. Eita verbinho chato! Tento me convencer que eu QUERO voltar a escrever aqui, registrar minha viagenzinha de férias para SP, fatos curiosos, excitantes, interessantes, estrombólicos, as conclusões acerca do desempenho do ano, as perspectivas de ano novo, as novas inquietações, angústias, sonhos... mas o TER que parece soar mais forte. Assim, continuo neste silêncio por mais um tempinho enquanto houver qualquer indício de que alguma força externa (e a consciência, determinação, vontade, onde ficam?) me induz a fazê-lo.

AHHHHHHH!


O espelho, 1975, óleo sobre madeira 150 x 120 cm - Siron Franco

Arte das Musas - novembro e dezembro/07

A presente coluna será um parêntese à apresentação dos períodos da música erudita feita até então. Quando abordei o romantismo, ressaltei a importância que adquiriu a ópera, gênero artístico que mescla teatro e música. Assim, pretendo abordar aqui um pouco desse tema, apresentando alguns conceitos importantes para a sua apreciação.

Diz-se que a ópera surgiu no final do século XVI, mas foi no classicismo e, principalmente, no romantismo que ela tomou grande vulto. Entretanto, não é intuito desta coluna apresentar a história da ópera.

São vários os elementos comuns entre a ópera e o teatro. Uma diferença é a letra, ou texto, conhecido como libreto. Algumas vezes o compositor contava com um libretista, que adaptava a obra escolhida, ou então o próprio compositor se encarregava do libreto, adaptando uma obra literária ou criando um original. O trabalho do libretista é tornar o texto apto a ser musicado.

Outra nomenclatura comum no mundo da ópera é a classificação dos cantores e seus personagens pelos timbres vocais. As vozes masculinas são geralmente classificadas em baixo, barítono, tenor e contratenor, da mais grave para a mais aguda. As vozes femininas, por sua vez, e da mesma forma, classificam-se em contralto, mezzo-soprano e soprano. Também se convencionou adicionar uma subclassificação a esses nomes, detalhando características da voz que melhor definem o timbre e o personagem a se interpretar, enquanto aquela primeira classificação está mais relacionada à tessitura, ou extensão vocal. Por exemplo: o Tamino, da Flauta Mágica de Mozart, é um tenor-ligeiro (‘leggero’ em italiano quer dizer leve), enquanto a Rainha da Noite, da mesma ópera, é uma soprano coloratura. Dificilmente uma soprano lírica conseguiria interpretar a Rainha da Noite ou – praticamente impossível – uma mezzo-soprano fazer esse mesmo papel.

Em comparação à música sinfônica e instrumental, uma diferença nas apresentações de ópera são as divisões da obra. A ópera começa com uma Abertura, em que são apresentados elementos que introduzem a atmosfera que vai permear a obra. Vi certa vez, em uma montagem de “La Traviata”, de Verdi, baseada no romance de Dumas “A Dama das Camélias”, as cortinas se abrirem aos primeiros acordes da Abertura e, no palco, apenas uma lápide antecipando o fim trágico da tuberculosa Violetta. Ahn... Não se preocupe! Não é um problema saber o final da história, se afinal são sempre as mesmas, mas sim como ela vai ser contada ou, no caso, montada.
Em seguida, temos os atos, grandes trechos da obra. Geralmente são de 2 a 4 atos, dependendo da envergadura da ópera. Em cada ato temos árias, momentos musicais para um cantor ou, se feitas para mais de um cantor, duetos, tercetos, quartetos e assim por diante. Há também os coros e os balés. Diferentemente da obra sinfônica ou instrumental, terminada uma ária cuja interpretação tenha sido muito boa, cabem aplausos, assovios e ‘bravos’.

Por fim, há também os recitativos, trechos musicais que são um meio termo entre o canto e a fala. O recitativo é a maneira como os personagens normalmente "conversam". Esse recurso é especialmente utilizado na ópera italiana, visando não quebrar a atmosfera musical. Alguns outros compositores optam pela fala, requerendo dos cantores seus talentos de atuação como se em um teatro estivessem.

Não disponibilizarei aqui trechos de óperas, pois para sua apreciação não apenas a audição é demandada, pois também é preciso ver. Assim, recomendo para os iniciantes as óperas Carmem, de Bizet, La Traviata, de Verdi, A Flauta Mágica, de Mozart, e o Barbeiro de Sevilha, de Rossini. As duas primeiras são óperas dramáticas, com lindas árias. A terceira é uma ópera fantástica, filosófica e magistral criação do mestre Mozart. A última é uma ópera cômica deliciosa e divertida. Para os já iniciados, sugiro as óperas de Puccini, como La Bohéme e Turandot; Tristão e Isolda, de Wagner, e Der Mond, de Carl Orff. Essas obras podem ser facilmente encontradas em DVD ou, dada a (infelizmente) pobre produção operística em Brasília, apreciadas em teatros do Rio de Janeiro, São Paulo, Manaus e Belém, entre outros.

Outra dica é o programa Vesperal Lírica, da Brasília Super Rádio (FM – 89,9 MHz ou http://www.superfm.com.br/), que consiste na transmissão de óperas completas, aos sábados, das 17 às 20 horas, e o Bravíssimo, da mesma rádio, que apresenta aos domingos, das 19 às 20 horas, um confronto entre duas árias cantadas por dois intérpretes diferentes. E sempre com breves comentários para a informação e o deleite dos apreciadores do "bel canto".

Bom proveito e até a próxima!

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Arte das Musas - outubro/2007

Retomando a apresentação dos períodos da história da música erudita, lembrando que já falamos sobre a música medieval e barroca e a música clássica, abordaremos hoje a música romântica. Desta vez a apresentação será esquematizada, para facilitar a leitura e esconder minha predileção pelo período, que certamente prolongaria demais o texto.

Localização temporal: Convencionou-se o seu início no ano da morte de Beethoven (1827) e seu término no início do Século XX, com a explosão do movimento modernista.

Significado: O movimento romântico constituiu uma reação ao racionalismo e ao classicismo, opondo o individualismo e o subjetivismo à universalidade dos clássicos.

Principais características: Nesse período foram flexibilizadas as formas, tão rigidamente aplicadas no classicismo, de modo a propiciar maior liberdade na expressão dos sentimentos. O espírito romântico concentra-se no indivíduo, marcando-se pelo lirismo, subjetividade e emoção, em reação à objetividade propugnada pelo Iluminismo. São comuns temas como o drama humano, a morte, os amores impossíveis, a solidão, as utopias e o escapismo.

Influências não-musicais: Houve grande interação com a literatura, a filosofia e as artes plásticas. Os “Lieds”, ou canções, para voz e piano, frequentemente utilizavam textos de escritores como Goethe, Rückert, Byron, Burns e outros.

A música programática foi outro gênero desenvolvido no romantismo, com raízes que podem remeter a obras como “As Quatro Estações” de Vivaldi e à “Sexta Sinfonia” de Beethoven, também conhecida como “Pastoral”. Nesse tipo de música, depende-se de outro fator de apreciação além da própria narrativa musical, remetendo a textos literários, como em “Má Vlast”, de Bietrich Smetana, “Also sprach Zarathustra”, de Richard Strauss, e a “Sinfonia Fantástica”, de Hector Berlioz.

Principais compositores e obras: É difícil listar poucos nomes quando se trata de um período que nos trouxe tão portentosos nomes. Eu destaco três:

Robert Schumann (1810, Alemanha - 1856, Alemanha). Compositor, pianista e crítico, sua figura é envolta por uma aura de lendas e curiosas histórias. Sua carreira como pianista foi cedo interrompida, diz-se, por um acidente com uma máquina inventada por ele para fortalecer os dedos (ah, esses pianistas...). Entretanto, é mais provável que o problema tenha se dado devido a um tratamento para sífilis à base de mercúrio. De pianista-compositor, a partir desse ‘acidente’ o próprio compositor viu-se mais como um compositor-crítico. A revisão e execução de suas obras passou a ficar a cargo da sua esposa Clara Wieck Schumann, filha do seu professor Friedrich Wieck, exímia pianista e, como o marido, entusiasta da poesia.

Sua primeira obra editada foi a “Variações sobre o nome ABEGG”, Op.1, cujas letras trazem duplo significado: o nome de uma namorada (à época ele não conhecia Clara) e, em alemão, “lá-si-mi-sol-sol”, tema que é apresentado em forma de valsa no início da música e reapresentado várias vezes de diferentes formas. Importantes e belíssimas são, para piano, “Davidsbündlertänze”, Opus 6 (danças dos companheiros de Davi, uma alusão àqueles que combatem os Filisteus, ou seja, Schumann e seus seguidores); “Kreisleriana”, Opus 16; “Carnaval - Scènes mignonnes sur quatre notes”, Opus 9. Vários temas e figuras rítmicas se repetem obstinadamente nas suas músicas, propiciando incomensurável prazer aos seus apreciadores que procuram essas ‘coincidências’. Há que se ouvir também o “Quarteto com piano”, o “Quinteto com piano”, os ciclos de canções “Liederkreis” e “Dichterliebe”, o “Concerto para piano” e o “Concerto para violoncelo”.

Frederic Chopin (1810 , Polônia - 1849, França). Pianista e compositor, sua música foi predominantemente escrita para o piano. Sua obra é reverenciada como parte fundamental do repertório pianístico, constituindo o que se diz ser uma base sólida para os estudantes e sempre um desafio para os profissionais. Há forte influência do folclore polonês na sua música (vide “Polonaises”, “Mazurcas” e “Canções”) e lirismo (ouvir as ‘melodias acompanhadas’ dos “Noturnos”). As obras mais virtuosísticas (“Estudos”, “Sonatas”, “Scherzos”, “Baladas” e os dois concertos para piano e orquestra) têm na dificuldade apenas um meio, e não fim.

Chopin se destacava no meio cultural da época pela sensibilidade. Em um desafio feito por um editor, que enviou um trecho de uma ópera de Bellini para os seis maiores pianistas da europa com o desafio de comporem variações sobre o tema selecionado, Chopin foi o único a compôr uma variação lenta, contrariando a tendência de exibicionismo virtuosístico tão cara à época.

Johannes Brahms (1833, Alemanha – 1897, Áustria). Sua obra encontra expressão em todas as formas, exceto balé e ópera. O que chegou até nós transparece uma quase perfeição, talvez devido ao perfeccionismo do compositor que diversas vezes destruiu partituras porque não as considerava boas o suficiente. Sua primeira sinfonia tomou cerca de 10 anos para ser finalizada, pois Brahms acreditava que após as sinfonias de Beethoven não havia mais o que se fazer no gênero sinfônico. A impressão que se tem é que se Beethoven tivesse escrito uma 10ª sinfonia, ela soaria como essa primeira de Brahms.

Brahms foi calorosamente recebido em casa dos Schumann, no ano de 1853, que recomendaram as obras do jovem compositor aos seus editores. Ainda sobre a sua relação com os Schumann, e um fato biográfico relevante com claros reflexos na sua música, tem-se a hipótese de que Brahms e Clara Schumann teriam tido um relacionamento amoroso, entretanto sem nenhuma prova concreta – ambos destruíram cartas que poderiam afirmar isso... A propósito, alguém pode imaginar como Clara conseguiria agüentar um marido trabalhoso (para não dizer outra coisa), cuidar dos filhos (foram oito!), gerenciar sua carreira como pianista de renome internacional, compor, revisar as obras do marido e ainda ter um amante?

É difícil a tarefa de indicar apenas algumas das obras de Brahms. É tudo digno da mais atenta audição! Mas me vêm à cabeça (ou do coração) os doloridos acordes do “Quinteto para cordas e piano em fá menor”, o “Trio para violino, cello e piano, em si menor”, os “Liebeslieder Waltzes”, para 4 vozes e piano a 4 mãos, os Quartetos de cordas, as 4 Sinfonias, os 2 concertos para piano e as danças húngaras (escritas para serem executadas no piano a 4 mãos; deliciosa atividade da qual Brahms tirou sábio proveito...).

Não escrevi aqui sobre vários temas importantes do romantismo: a ópera, o nacionalismo, o impacto da tecnologia na construção dos instrumentos e o conseqüente incremento da técnica instrumental, entre outros. Entretanto, sempre haverá mais a ser dito, felizmente. E é sempre aí que vem a música: para expressar o indizível.

Até a próxima!

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Existe vida sem Poesia?

Não faz muito tempo eu rascunhei aqui:
Falta poesia na vida dos homens.

Será?
Não incorro em erro ao impor aos outros uma necessidade tão pessoal?

Tentando responder aquela pergunta, trouxe outras:
A beleza é uma abstração racionalizada fruto do ócio de alguns ou é manifestação natural?
Podemos falar em 'essencialmente' Belo?

Dunno...

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

16 razões para gostar de você




1- O calor da tua pele deixou marcas indeléveis na minh'alma

2- Teus olhos viram o que é em mim essência

3- Nossos espíritos se tocaram no gozo

4- Tuas palavras me divertem e instigam

5- Teu abraço me aconchega, aquece e protege

6- O que você tocou, o que é seu, seus presentes, o que foi seu, tudo me faz pensar em você

7- Eu vejo sinceridade e verdade na sua entrega

8- Me fazes sentir mais (n-complementos aqui)

9- "Forbidden love?"

10- Seu cheiro está em tudo que é meu

11- Eu planejo o futuro (e contigo!), coisa que raramente fiz sozinho

12- Meu coração se enche de orgulho quando te vejo falando com meus amigos

13- Você aprecia o que há de mais belo na música

14- Você instiga meu lado artístico, sendo pai, mãe e musa

15- Sua voz me desmonta, provocando aqueles calafrios de adolescente que ainda não conhece o amor

16- Nada mais parece me importar

Daily routine

Despertador. Soneca. Despertador. Mais 10 minutos. Despertador. Abluções matinais. TV. PC. Música: Brahms? Scarlatti? Dúvida. Vai Debussy mesmo. Suco de maçã ou leite de soja? Pão e geléias. Jornal. Escova de dentes, sensodine, cepacol. Chuveiro. Dove. Shampoo: 1, 2, ou 3? Sabonete líquido: Verbena ou pitanga? Toalha. Mach3. Cortes, muitos cortes. Ahn, as espinhas; que vontade de não sair de casa. Cueca, calça, camisa, cinto; gravata ou não? Última olhadinha no gmail/orkut. Carona sai em 5 minutos. Espero 10. Traaaaabaaaaaaalhhhhoooooooooo (cuidado com a dislexia!)... Almoço, êêê! Fila para entrar no restaurante. Papo gostoso gostoso/inteligente/erótico/pornô/político/econômico/social/moda/etiqueta. Solzinho na volta para o Ministério. 5 minutos na pracinha. Reflexões sobre a necessidade de humanização da Esplanada. Trabaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaalho (para se ler bemmmmm devaaagaaaaar)... Caminhada até a rodoviária. Gente, muita gente. Dá licença, seu moço. Ó meu pé aí! Ônibus cheio (ai, que saudade das vans). Corre, corre. Supermercado. Pão. Fila imensa. Comer correndo. Piano. Nossa senhora das escalas desencontradas em tons estranhos! Natação. Splash, splash. Banho. Musculação. Corrida. Cansei. Correr (de novo) do cachorro louco que mora no terreno vazio entre a academia e meu condomínio. Comer (outra vez). Telefone: mãe/pai. MSN/Orkut/Blog. Varrer. Pano no chão. Cheiro de limpeza. Outro banho. Meia-noite? zzzzzzz...

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Espelho D'Alma


Feliz Atlas.


Carregava o mundo nas costas.


Minh'alma pesa. E dói. Muito.


Onde está meu Hércules?




terça-feira, 25 de setembro de 2007

Mein Kampf



Por um Esplanada dos Ministérios mais humanizada!

Por um funcionário público mais feliz!

Por um bronzeado mais duradouro!

Para um Brasil efetivamente de todos!



Vamos nos encontrar na próxima sexta-feira, dia 28 de setembro de 2007, na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso Nacional, às 12h.

Tragam protetores solares, bronzeadores, óculos escuros, sungas, biquínis, chapéus, garrafinhas de água e o que mais acharem necessário para garantir a sua felicidade e bronzeado permanente!

Inscreva-se na nossa luta. Mande seu nome e eventuais sugestões ou críticas, clicando abaixo em 'pensées rappelées'.

Não tem problema se a chuva vier regar o que há de seco em nós nesse dia: todos de camiseta branca!

Aqua pluvialis

Que venha
a chuva
e lave
o que
há de seco
em mim

sábado, 22 de setembro de 2007

Loucuras da infância

1- Parque de diversões para formigas: virava a bicicleta de rodas para cima e voilà! Aposto que elas se divertiam quase tanto quanto eu.


2- Enterrar formigas no jardim: já 'devidamente' mortas, com direito a caixão de caixinha de fósforo e cruz de palitos de fósforo.


3 - "Ressuscitar": elas de novo, as formigas (pelo menos acreditava que era eu quem fazia isso): congelava as artrópodes em vidros daquelas bolinhas de homeopatia e, dias depois, deixava elas no sol até o milagre acontecer... algumas vezes elas não voltavam à vida. :(





4- Procurar petróleo no jardim: eu pegava um toquinho de madeira e enfiava na terra; em seguida, enfiava outro toquinho em cima daquele, e outro, e outro... nunca aconteceu nada, claro.






5 - (censurado)

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Quidnunc

quidnunc \KWID-nunk\ noun
: a person who seeks to know all the latest news or gossip : busybody

Exemplo: Those who criticize Joanne for being a quidnunc are usually the first to go to her when they want to know the latest gossip.

(c) 2007 by Merriam-Webster, Incorporated

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Mais um momento de fervor católico. Confissão: volta e meia me pego flertando com o mundinho hype-trendy-cool. Leio colunas sociais, vou para festinhas legais com gente “legal”, procuro ver e ser visto.

Shame on me! Após ler o adjetivo “bem-nascido” (tem hífen, ok?!) ao lado do nome de um jet-setter brasiliense em uma entrevista aí, não pude deixar de me sentir mal.

Perdão, pequei.

Sou “mal-nascido”. Não venho de família nobre. Não tenho um loft bem-decorado no plano piloto. Entretanto, não cabe aqui falar de onde vim. Não quero lágrimas por um passado sem champagne ou tênis importados. Não que eu não goste deles hoje, muito pelo contrário; mas como se avalia o mérito do sujeito de família nobre que teve acesso a boas escolas, que viajava para o exterior nas férias, que sempre teve bons livros em casa, conversas edificantes durante o jantar, enfim, a elementos que subsidiam o desenvolvimento intelectual? Às vezes acho que não fizeram mais do que a obrigação, pois não foram contra o que deles se podia esperar. Há, verdade, aqueles que se destacam pela originalidade, pelo empreendedorismo, pelo carisma, pela bondade. Mas ser bem-nascido por si só NÃO é mérito algum, apenas sorte (?).

sábado, 15 de setembro de 2007

Pensiero e promessa del giorno

Outra vez o tempo, já comentado aqui e, indiretamente, aqui.

Um grande amigo que vocês não conhecem muito sabiamente me fez refletir sobre a singeleza de uma verdade incontestável:

"O dia 15 de setembro de 2007 terminou. Nunca haverá outro."

As implicações dessa simples contestação são grandes e não ajudam muito a curar minha ansiedade sem fim. Não é fim de ano ainda, momento usualmente dedicado a reflexões do gênero, mas eu parei alguns minutos para pensar nos meus passos e fatos recentes:

1980 - Nasci em Floripa/SC.

1984 - Minha memória mais antiga.

1986 - Minha primeira bicicleta.

1987 - Alguns ensaios de empreendedorismo (ou mesquinharia mesmo): alugava revistinhas usadas.

1990 - Me dedico à natação, ao estudo da língua inglesa e da matemática. Pouca coisa mais me interessa. Não sou aceito nos grupinhos, não encaixo, não tenho roupas legais, não entendo o mundo.

1991 - Começam as transformações que me fazem recusar aquele corpo como meu. Espinhas, barba, mãos e pés imensos. Tudo contribuía para a feiúra crescente.

1992 - Meu prognóstico: não passaria dos 20, quiçá dos 22. Saio de uma escola particular, razoável, para uma escola pública, péssima. Nunca mais voltei a ter bons estudos. Aliás, conto nos dedos os bons professores que tive nos anos seguintes.

1993 - Madonna e Michael Jackson vêm ao Brasil. Me lembro de estar deitado no quartinho do quintal da minha casa, ouvindo ela cantando, ao vivo, e eu chorando por não poder estar lá.

1994 - Pesadelos constantes com a piscina do clube no qual eu nadava (já estava quase entrando para a equipe de competição) e o ódio mortal daquele frio que fazia nos invernos florianopolitanos me fizeram largar a natação. Trabalhei dois meses em uma lanchonete com o intuito de juntar um $$ para comprar um teclado. Começo a vasculhar os discos dos vizinhos em busca da música dos grandes mestres.

1995 - Ano importante: Começo os estudos de piano na Udesc. No meio do ano me mudo para Guaratinguetá - chovia em Floripa -, de ônibus, deixando para trás a segurança, deixando aqueles que pensava que seriam meus amigos para sempre - errei - e com a certeza que nunca mais seria o mesmo - acertei.

1996 - Meu primeiro festival de música: me lembro de chorar a minha mediocridade por duas semanas. Não tinha amigos, não lia, não ia ao shopping, e só tinha ido ao cinema para ver filmes dos Trapalhões quando era pequeno. Minha primeira namorada, meu primeiro beijo. Lembro da lua naquela noite.

1997 - Chego em Brasília, de ônibus - chovia -, sozinho, no dia do meu aniversário. Começo a conhecer pessoas que me incentivam intelectualmente.

1998 - Saio do meu quarto sem janela no cruzeiro velho e vago sem rumo por horas; queria chegar onde nada importasse; chovia; deito no chão da rua por um bom tempo e espero o tempo agir; nada aconteceu. Entro na UnB, depois de dois vestibulares fracassados.

2000 - Tendinite. 6 meses sem tocar. Para esquecer a dor, eu canto.

2002 - Formatura. Conheci o amor.

2003 - Fui feliz e sofri por amor.

2004 - Por amor, larguei tudo e fui para o além-mar. 3 meses apenas para ver que tudo aquilo era de vidro e se quebrou. Volto para o Brasil, com uma mochila apenas, e sem coração.

2005 - Ainda sofro por aquilo tudo... Sinto o peso de 1/4 de século

2006 - Tento consertar o anel, sem sucesso. Desisto do anel e do coração.

2007 - Já? 27 anos, sem rumo, lost e sem Lost, que só tem no ano que vem!

Conclusão: Nesse quarto de século a essência desgarrou-se do corpo. Agora ela vaga sozinha, em busca da sua matéria, enquanto esta se entrega aos prazeres momentâneos. Os outros apenas vêem em mim o que é carne e resultado de experiências carnais.

Terá o céu, o inferno, o mar e as estrelas quem reconhecer em mim a essência.

Inutilia truncat

Última confissão, prometo! Nada muito metido a filosófico.

Dia desses, ao guardar os itens recém-comprados em uma farmácia (algo bem essencial, juro!), me dei conta que tenho mais cremes/xampus/etc. que minha mãe.

Tive a curiosidade de listar o que tem ali no meu armariozinho do banheiro para ver o que era realmente essencial.

Vamos a um passeio virtual pelo meu banheiro?

(me senti agora recebendo a visita do Gugu naquele programa - ainda existe? - em que ele visitava algum artista e vasculhava a casa inteira do famoso em busca de alguns itens e, a cada item encontrado, o sujeito ganhava algum dinheirinho. Acho que estou me preparando para esse encontro)

- 4 perfumes;
- 1 protetor solar, sem óleo;
- 1 hidratante para o corpo;
- 1 hidratante para o rosto;
- 1 bronzeador;
- 1 tubinho de silicone para cabelo;
- 1 gel - fibra textura cola;
- 1 gel - normalzinho;
- 1 creme para pentear;
- 1 cera para cabelo;
- 1 adstringente;
- 1 sabonete líquido (para fazer a barba);
- 2 espumas para fazer a barba;
- 1 xampu anti-caspa (eu nem tenho!);
- 1 xampu de bebê;
- 2 vidros de sabonete líquido (verbena e pitanga);
- 1 xampu e 1 condicionador de uma marca;
- Outro xampu de outra marca, 2 em 1;
- Mais outro 2 condicionadores de outras marcas;
- 1 sabonetezinho legal para as mãos;
- 4 caixas de sabonete com hidratante;
- 2 aparelhos de barbear;
- Outro aparelho de barbear, elétrico;
- Anti-séptico bucal;
- Protetor labial;
- 2 tubos e meio de lubrificante (...);
- Vários preservativos;
- 1 caixa de cotonetes;
- 3 caixinhas de fio dental (?!);
- 1 bepantol;
- 1 escova de dentes;
- 1 pasta de dentes;
- um potinho de algodão;
- 2 desodorantes;
- lentes de contato;
- Renu;
- 1 colírio;
- 1 Salsep;
- 1 albicon;
- 1 kuramed;
- 1 lens cleaner;
- 1 omcilon;
- 1 vodol;

- toalhas de rosto e de corpo;
- 1 roupão.

Acho que é só isso. Qual a conclusão? Como pude viver sem toda esta linha, hein?
PS: eu moro numa kit.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Sappho de Lesbos




Preciso compartilhar uma experiência que me fez sentir compaixão das mulheres que vão às festas gays em busca de boa música e diversão, mas sofrem com a falta do sexo oposto: fui a uma festa de lésbicas, uma prévia da III Parada Lésbica de Brasília, que vai acontecer dia 16/09/07, às 15h, na W3 Sul.

É incrível como alguns universos nos passam tão despercebidos, não é mesmo? Que isso passe a ser cada vez menos verdade!

...ahn, sim, foi muito, muito divertido!

Go girls!

*A imagem é uma reprodução de "Safo", por Charles-August Mengin (1877)

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Just sharing

Meus amigos, coitados, sabem o que é meu mau humor.
Desta vez não vou descontar neles, mas no meu blog.

Não agüento mais:

- CENSURADO -

Invejinha dela.

Pronto, falei.
Passou? Não.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Arte das Musas - setembro/2007

Como já falei, todo mês sai um texto meu na intranet do ministério no qual trabalho. Abaixo copio o que escrevi neste mês. Lembro que o público é leigo e meu objetivo é trazer esse público mais para perto da música erudita. Comentários são bem-vindos.

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Quem se lembra de Tom Hulce e suas risadas histriônicas no seu papel de Mozart no vencedor de vários Oscars de 1984, “Amadeus”, ou do introspectivo Gary Oldman na pele de Beethoven em “Minha amada imortal”, já deve ter alguma idéia do que seja o classicismo. Isso porque Wolfgang Amadeus Mozart (Salzburgo, na atual Áustria, 1756 – Viena, 1791) e Ludwig van Beethoven (Bonn, Alemanha, 1770 – Viena, 1827) são, juntamente com Franz Joseph Haydn (Rohrau, Áustria, 1732 - Viena, 1809), os maiores expoentes da época.

Em “Amadeus”, conta-se uma história romantizada da vida de Mozart, inspirada em uma peça de Pushkin, na qual se trata da relação entre o Homem e Deus, entre o gênio e a mediocridade. No outro filme, o fio condutor é a história de uma carta de amor, escrita a lápis, encontrada após a morte de Beethoven, sem qualquer indicação sobre sua destinatária. "Meu anjo, meu tudo, meu eu…", dizia a carta, redigida em tom de lamento.

Seguindo com a apresentação dos períodos da música erudita, nesta coluna pretendo apresentar um pouco sobre o período clássico, que, como já mencionei anteriormente, costuma gerar confusões quanto à expressão “música clássica”. Lembremos que a música clássica é a música composta desde meados do século XVIII até o início do século XIX. Nessa fase, a música se caracterizou pelo zelo com a forma, pela simetria, evocando os ideais do Iluminismo, movimento humanitário e secular que enfatizava a razão, a lógica e o conhecimento.

Muitas vezes, ao lermos sobre música erudita, nos deparamos com o termo “sonata”. Na música clássica, ou seja, no período clássico, tivemos uma grande utilização dessa forma. Há que se lembrar que o termo pode denotar uma de suas duas acepções:

1) Sonata clássica: obra musical que contém três ou quatro movimentos, sendo o primeiro um movimento rápido, baseado na forma-sonata; um segundo, lento, muitas vezes em forma de variações; um terceiro movimento dançante (quando a sonata tem quatro movimentos), geralmente um minueto, dança remanescente da suíte (abordada na última coluna); e um quarto movimento de caráter mais enérgico, conclusivo.

É importante lembrar que movimentos são as ‘partes’ de uma obra, separadas por silêncio. Entre os movimentos, a intenção do compositor e dos intérpretes é preparar o ouvinte para um novo ‘clima’, motivo pelo qual os aplausos não são muito desejados entre os movimentos. Não se assuste quando estiver ouvindo uma sonata, ou uma sinfonia, e entre um movimento e outro apenas parte da platéia aplaudir e a outra derramar ‘shhhhs’, pedindo silêncio. Na dúvida, aguarde em silêncio. Ao final da obra, o(s) intérprete(s), no caso de obra instrumental, ou o maestro, no caso de obras sinfônicas (para orquestra), se levantará da sua cadeira ou se virará para o público, deixando claro o fim da execução.

2) Forma-sonata: forma musical que consiste em três partes: exposição, desenvolvimento e recapitulação. Na primeira, expõem-se os temas principais, geralmente dois ou três. No desenvolvimento, o compositor trabalha sobre os temas anteriormente apresentados. E, por fim, na recapitulação, os temas principais são reapresentados, geralmente com nova ‘roupagem’, de forma a causar um impacto no ouvinte.

Alguns podem perguntar: essa forma ficou restrita ao classicismo? Eu respondo: não. O que caracteriza o início do próximo período, o Romantismo, é a marginalização da preocupação com a forma, trocando-se o objetivismo pelo subjetivismo, pela emoção. Os períodos posteriores relaxaram a rigidez da forma, adaptando-a para seus objetivos.

Como já fiz anteriormente, e pressupondo que uma música fala mais que mil páginas, destaco a seguir algumas obras do período, por compositor, que considero relevantes.

J. Haydn

- Sonata para piano nº 50, em Ré maior, Hob. XVI. 37 (1º movimento: Allegro con brio);

- Quarteto de cordas em Si bemol maior, “da aurora”, Hob.III.78 (1º movimento: Allegro con spirito);

- Trio para piano, violino e violoncelo nº 20, em Si bemol maior (1º movimento);

- Concerto para violoncelo e orquestra em Dó maior (3º movimento: Allegro molto). O concerto é uma forma de composição na qual o compositor pretende destacar o virtuosismo de um instrumentista – neste caso, do violoncelista.

W. A. Mozart, o menino-prodígio:

- Sinfonia nº 40, K. 550, em sol menor (1º movimento: Molto allegro);

- Réquiem, em ré menor, K 626, última obra do compositor (Introitus e Kyrie).

Réquiem é uma missa para os mortos. Curioso que tenha sido esta a sua última obra, não?

- A Flauta Mágica, K 620 (Wie? Wie? Wie?);

Reparem que a letra K., seguida de um número, refere-se ao catálogo Köchel, criado pelo botânico e musicólogo Ludwig Köchel. Assim, o K. 1 foi a primeira obra catalogada de Mozart e o K.626, sua última.

L. van Beethoven, para quem o silêncio era música e dor:

- Sonata para piano nº 23, op. 57, Appasionata, em fá menor (1º movimento: Allegro assai);

- Concerto tríplice para piano, violino e orquestra em Dó maior, Op. 56 (3º movimento: Rondò alla polacca — Allegro — Tempo I)

- Sonata para violino e piano nº 9, Op. 47, “Kreutzer” (1º movimento: Adagio sostenuto - Presto);

Op., abreviatura de opus, significa "obra", sendo comumente utilizado no sentido de obra de arte. As peças musicais de alguns compositores são identificadas por um número opus, que geralmente é atribuído de acordo com a ordem de composição ou a ordem de publicação.

Adoraria escrever sobre os outros compositores da época, sobre o Mozart prodígio, sobre as angústias, a surdez e a impressionante evolução da música de Beethoven ao longo da sua vida, sobre a importância desses dois para a história da música ocidental, sobre a transição do classicismo para o romantismo ou me aprofundar nas obras acima destacadas. Entretanto, não há espaço para tanto. Mas aos que quiserem ir além, sintam-se à vontade e utilizem o espaço para comentários abaixo, apresentando suas dúvidas ou sugestões.

Abraços, bom proveito e até a próxima!

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Tempus omnia terminat

Um colega que não via há muito tempo veio falar comigo depois de um concerto e perguntou se eu lembrava de uma outra amiga.

Claro que lembrava, pois tinha sido padrinho de um casamento junto com ela e nós estudamos música muito tempo juntos.

Pois... disse ele: ela faleceu, vítima do câncer, havia uns três anos.

Vejam só, o tempo, ele de novo, implacável. A gente se descuida um dia, um mês, de um amigo, arranja uma desculpa aqui, outra ali para não ver/ligar/escrever um simples e-mail, e o tempo vai passando.

Foi ontem que nos falamos... e hoje não a temos mais. Triste, muito triste.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Eu e minhas chatices

Recebi dia desses uma singela 'homenagem-puxão-de-orelha' de uma colega do meu trabalho. Devidamente munido da sua autorização, publico aqui o seu poeminha:

Mefisto* e suas chatices
by Alec.

Instituindo a rigidez
Baseada no imperialismo da frigidez
Aproveita-se do que foi escrito
Pra implantar sua rispidez

Garotinho mimado,
De topete empinado.
Corpo rígido,
A maciças penas desenhado.

Contra gerundismos
E todos os “ismos” que possa perceber,
Acorda e dorme a buscar...
À procura de tudo o que o faça ser...
À caça do que possa melhorar a humanidade
E a si mesmo.

Inundando a Terra com música sabor chocolate e perfume francês
seu sorriso iluminador,
jeitinho encantador
e sotaque (orgulhosamente) mané,
É absolutamente conquistador!

Se ele gosta de festejos
Então, que o mundo o aplauda!

* No original consta meu nome.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Dura lex?

Confiram aqui o artigo do Promotor de Justiça Ivaldo Lemos Júnior "Crime de homofobia: o Estado sou eu", publicado no Jornal de Brasília de hoje, 27 de agosto, caderno "Opinião", página 10. Quando acho que as coisas estão mal eu me convenço que elas ainda podem ficar piores.

Por exemplo, com os comentários de dois sujeitos ao texto desse Sr. Ivaldo:

"Esta retórica dos direitos dos Homos, não passa de afirmação gay via lei, querem na verdade serem aceitos por força de lei. Não existe direitos do gays, pura ficção, o que deve existir são os direitos do homem, no sentido universal, sem definição de cor, raça, sexo, etc. Querem na verdade com o projeto de lei estabelecer uma mordaça gay, como não tem argumentos para convencer que a prática homo é natural, normal, buscam na censura o silêncio de uma verdade. O que cabe aos homos é serem respeitados como seres humanos, como qualquer outro. Há bons fundamentos para afirmar que uma relação homo é antinatural, sem ser pré-conceituoso."
João Marcos - risomajo@yahoo.com.br
28/08/2007 - 14:47:42
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"Muito Boa a opinião do Promotor, até que enfim alguem que enxergar a verdade sobre esse assunto, que vem apresentado como sendo algo normal. Não existe esse negócio de ficar tratanto homosexuais como coitadinhos e discriminados, são uns safados, sem vergonhas que veem se aproveitando da inocência da sociedade para com suas atitudes vergonhosas e ultrajantes. Todo homossexual é pedófilo e doente que precisa de tratamento, e não de mais espaço na sociedade como se sua conduta fosse normal."
Mário Augusto de Oliveira Neto - maugusto@tc.df.gov.br
27/08/2007 - 18:47:13


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Venham cá:

Como minha mãe leria um texto assim? Ela que, teoricamente, de gay só conhece o que é esteriótipo, nunca se permitindo conhecer todo o universo que há na vida gay, como reagiria? Com mais preconceito e repulsa, com certeza. Assim como os ignorantes leitores (são apenas eles?) do Jornal de Brasília.

Perguntaria ao ilustre Promotor de Justiça (aliás, dá pra falar sobre justiça com alguém assim?) se ele se sente representado pelo Renan, ou pelo Lula, ou seja lá quem for, na sua heterossexualidade. Eu não me sinto representado pelo Prof. Mott, cujos comentários não julgo apropriados mas, enfim, ele tem direito de expressão. Há diversidade de heteros, de gays, de negros... e não podemos generalizar um movimento assim, não acham?

Acho triste um senhor como esse, tão carregado de preconceitos, trabalhar com assunto tão sério em um momento onde nossos direitos começam a se consolidar e ganhar reconhecimento público.

Aposto que se fosse há uns 50 anos, um senhor como esse diria: essas mulheres querendo trabalhar fora daqui a pouco vão achar que merecem ganhar salários como os nossos.

E depois, com os comentários desses dois outros sujeitos, como é que o Sr. Ivaldo ainda consegue dizer que a 'oposição' está desorganizada? O preconceito é praticamente uma instituição dia-a-dia fomentada com argumentos como o dele.

O mundo é tão grande mas ainda tem gente se incomodando com a existência de pessoas diferentes (lembremos, não há opção, mas orientação sexual). A dificuldade em lidar com as diferenças é um dos grandes males da humanidade. E não me venham com "Deus não quis assim", por favor! Estado laico diz algo? Às vezes me sinto perdido no meio de tanta estupidez. Não culpo minha mãe, o padeiro ou o vizinho do lado, os quais não têm repertório para tratar tais assuntos, mas mestres em Direito como o Sr. Uziel Santana (vejam um artigo seu aqui), Promotores de Justiça, e outros cidadão que se dizem preocupados com as mazelas da sociedade, com a consolidação da democracia, com a paz... Por favor, voltem para a escola.

Lamentável.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Ogni Mio Istante

"...sai
come vorrei
che fossi io
amore mio
a dirti addio…"

domingo, 19 de agosto de 2007

Impressões não muito seresteiras

Semana passada eu toquei na Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, não como solista, mas como convidado, escondido lá atrás do Steinway e daquela celesta que era pior do que mulher de cafajeste: só cantava abaixo de paulada.

Participei dos ensaios, claro. Para isso, tive algumas horinhas de licença do meu chefe. Engraçado: mudou o ambiente, mas as diferenças não foram muitas. Foi como se eu apenas tivesse mudado de andar no meu ministério. Os músicos da orquestra são, acima de tudo, funcionários públicos. E nesse ambiente há te tudo, como em qualquer outro ambiente do Executivo: há os que pouco fazem, há aqueles que trabalham 3 vezes mais para compensar a ineficiência dos outros, há aqueles que dizem que estão trabalhando, os que só fazem o que o chefe manda (esses, a duras penas, ressalte-se), há os que se acham chefes, os que não acham nada, há músicos geniais, há medíocres, etc.

Enfim, uma peça de Nelson Rodrigues daquelas que têm o funcionário público como personagem central poderia facilmente ser adaptada para um ensaio da orquestra, com todos os matizes do grande draumaturgo.

Acho meio perigoso esse negócio de funcionário público fazendo arte. É muito bom dotar o músico de estabilidade, afinal ele já dedicou tanto tempo, tanta energia, tanto dinheiro para fomentar seu talento. Mas a postura de alguns acaba prejudicando o resultado: há muita gente acomodada com a estabilidade se esquecendo que seu objeto de trabalho é a Arte. Há que se trabalhar com esmero, com cuidado, com paixão!

No final, a impressão que ficou: dava tudo para ter estudado um instrumento de orquestra e trocar meus processos licitatórios por sinfonias de Brahms.

Arte das musas - agosto/2007

Como comentei mês passado, todo mês sai um texto meu na intranet do ministério para o qual trabalho. Abaixo copio o que escrevi neste mês. Lembro que o público é leigo e meu objetivo é trazer esse público mais para perto da música erudita. Comentários são bem-vindos.

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Freqüentemente, em conversas sobre música erudita com amigos, ouço reclamações sobre a dificuldade em lidar com tantos nomes de compositores, de obras e estilos. Assim, minha intenção hoje é apresentar de forma sucinta alguns dos períodos mais importantes da música erudita, os seus maiores expoentes e, em alguns casos, as obras mais importantes. Faço uma ressalva apenas: escolhi simplificar bastante para que todos tenham uma visão panorâmica desta arte.

Música Medieval (séc. VI – séc. XV)
Uma das características da música erudita é sua notação musical, que permite a fiel execução do que tencionava um compositor de séculos atrás nos dias de hoje. Há indícios de notação musical no Egito e Mesopotâmia do terceiro milênio a.C. Entretanto, como a conhecemos hoje, teve início e grande desenvolvimento na Idade Média. Os nomes das notas musicais (Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si) foram extraídos das sílabas iniciais de um hino a São João Batista, intitulado Ut queant Laxis, do monge beneditino Guido d’Arezzzo (aprox. 992 – aprox. 1050).

São encontrados poucos registros de música medieval no mercado brasileiro em comparação com os dos períodos mais recentes, destacando-se os cantos gregorianos – música de apenas uma melodia, desacompanhada –, utilizados nas celebrações religiosas da Igreja Católica. Seu texto é de grande importância, revestido de importância superior à melodia, razão pela qual os monges entoam esses cantos sem qualquer impostação vocal (como a dos cantores de ópera, por exemplo). Cantar era tido como um ato de devoção. Segundo ensinamento de Santo Agostinho, “quem canta ora duas vezes”.

Dos seus compositores, podemos destacar Leonin (1135 – 1201) e Pérotin (1160 – 1236), ambos franceses.

Música Renascentista (séc. XVI)
A transição para a música da Renascença não é muito clara, uma vez que a introdução de características renascentistas foi lenta. Sob influência estética das antigas Grécia e Roma, com a substituição gradual do teocentrismo pelo antropocentrismo, a marcar a primazia do Homem sobre Deus, temos nomes como Giovanni Pierluigi da Palestrina (Itália, 1525-1594) e Claudio Monteverdi (Itália, 1567- 1643), ‘pai’ da ópera. Deste último, as óperas ainda hoje mais representadas são L'Incoronazione di Poppea e Il Ritorno d'Ulisse in Patria.

São características da época o uso do contraponto, técnica usada na composição em que duas ou mais vozes melódicas são compostas seguindo regras pré-estabelecidas, e da polifonia, que é a utilização de várias vozes com linhas melódicas distintas em uma composição musical.

Música Barroca (séc. XVII – meados do séc. XVIII)
Assim como no Barroco – o movimento estilístico e filosófico –, a música desse período trata do fervor religioso e da passionalidade, buscando-se Deus através da música. Foi uma das épocas musicais mais importantes, pela novidade das criações e influência posterior, cujos efeitos são sentidos até a atualidade, marcando também o apogeu da música instrumental.

Dentre seus compositores mais notórios, sobressaem Antonio Vivaldi (Itália, 1678-1741), Georg Friedrich Händel (Alemanha, 1685-1759) e Johann Sebastian Bach (Alemanha, 1685-1751). Do primeiro, ressalto a série de concertos para violino e orquestra chamada “As quatro estações”, da qual conhecemos muito bem o primeiro movimento do concerto “Primavera”. De Händel, destaco a suíte – que nada mais é do que uma série de danças – “Música Aquática”, demandada pelo Rei George I para ser executada sobre um barco no rio Tamis, e a “Música para os Fogos de Artifício Reais”, para comemorar o fim da guerra da Sucessão Austríaca e a assinatura do Tratado de Aix-la-Chapelle.

E do grande Bach, cuja obra ficou esquecida por praticamente um século após sua morte, destaco a obra para cravo, o antecessor do piano, a série de prelúdios e fugas intitulada “O Cravo Bem Temperado” e as “Variações Goldberg”. Estas, reza a lenda, compostas para o conde Hermann Karl von Keyserling, ex-embaixador russo na Saxônia que, acometido freqüentemente de insônia, teria solicitado a Bach uma obra a ser executada pelo talento de J. G. Goldberg, então cravista do conde, para consolar suas noites não dormidas.

Da obra coral, destaco a “Paixão Segundo São Mateus”, a “Paixão Segundo São João”, e a “Missa em Si Menor” (freqüentemente digo que essas músicas devem compor o cenário de entrada no Paraíso!). Da sua obra para instrumentos de cordas, muito significativas são as Suítes para violoncelo solo - lembrando que as Suítes são séries de danças - e as Partitas – as Suítes barrocas geralmente vinham acompanhadas de uma designação: Suítes Inglesas, Francesas, Italianas ou Alemãs, estas últimas mais conhecidas como Partitas - para violino solo, que utilizam praticamente todo o potencial desses instrumentos e que são repertório obrigatório e desafio constante para todos, pela dificuldade técnica e musical. A obra para órgão, instrumento que dominava, é extensa e genial. Há ainda diversas combinações dos mais variados instrumentos, como os Concertos de Brandemburgo, ficando de fora apenas a ópera, gênero nunca abordado pelo compositor.

Nas próximas colunas escreverei sobre os períodos posteriores da música erudita: clássico (viram por que não utilizo o termo ‘música clássica’ para o assunto desta coluna?), romântico, impressionista, moderno e contemporâneo. Há muito que escrever e pouco espaço, e assim fico sempre à disposição para esclarecer as dúvidas dos leitores. Aproveito também para agradecer os e-mails de apoio, as sugestões e comentários.

Até breve!

terça-feira, 31 de julho de 2007

Sil(vi)ogismo

Deus, perfeito, ama o Homem.
Este é cópia imperfeita Daquele.
Logo o amor do Homem é imperfeito.

sábado, 28 de julho de 2007

...E o Vento Levou

A cada fracasso amoroso, uma dor aguda de morte.
É um pouco de nós que morre.
O amor, alimento supremo, se esvai.
Dói como da primeira vez, senão mais.
E assim, nos tornamos mais duros, céticos, medrosos, introvertidos, egoístas, mesquinhos.
...o tempo passa, e as chances de dividir a vida com alguém só parecem diminuir.

Por que viver algo que tem fim?

A vida é assim: um dia morremos.
Mas viver, um dom (?), nada mais é que fruto da escolha (?) dos nossos pais.

Se tudo acaba, até a vida, pra que começar quando podemos escolher não fazê-lo?
Muita gente diz que vale a pena o caminho percorrido, as experiências vividas.
Eu não sei mais.
Só sei que sozinhos nascemos... e morremos.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Arte das Musas - julho/2007

Não importam muito as razões que me impediram recentemente de escrever outro post para este blog, mas a que me faz voltar aqui: vim registrar um texto meu que foi publicado na intranet do Ministério para o qual trabalho. Virei colunista de música erudita! Esse texto é o primeiro de uma série. Pretendo todo começo de mês copiar os textos neste blog.

Arte das Musas - jul/2007.

Muitas perguntas surgiram quando comecei a rascunhar este texto: como e por que escrever sobre música para um espaço onde até hoje só se havia tratado de assuntos diretamente afetos ao trabalho? E por que erudita? Deixando de lado a minha paixão pela música que me impele a falar sobre o assunto horas a fio, que razão exterior me faria escrever sobre o tema?

Aos poucos foram surgindo algumas respostas. Perguntas novas também.

Assim, pretendo com essa coluna, graças à oportunidade dada pela ASCOM, iniciar um debate sobre a matéria (e para isso conto com o retorno dos leitores!), apresentando algumas idéias bem pessoais que não ouso trazer de forma alguma como verdades absolutas. É um desafio pessoal bem interessante: apresentar conceitos, histórias, curiosidades e dicas, relembrando a época em que o meu gosto pela música ainda era desacompanhado de conhecimentos técnicos. Alguém – foi Frank Zappa? – certa vez disse que “escrever sobre música é como dançar sobre pintura”. Está feito e aceito o desafio.

Há que se lembrar que na Antiguidade a música era dotada de elevado valor para o desenvolvimento intelectual e para a formação do homem. Também a música tem sido constantemente utilizada como instrumento de trabalho psicológico e social. Tampouco se pode esquecer do simples fato de que proporciona prazer. Então à minha primeira pergunta, além destas ponderações, acrescento outra: por que não falar de música?

Mas por que música erudita? Cabe aqui lembrar que uma das divisões mais usuais da música abarca quatro grupos, cada qual com inúmeras subdivisões: música erudita, música popular, música folclórica ou tradicional e música religiosa. Rebato veementemente qualquer afirmação sobre a superioridade deste ou daquele grupo. Entretanto, como a vida é feita de escolhas e dolorosas renúncias, optei pela música erudita, à qual me dedico há mais de 10 anos.

Com as devidas respostas muito resumidamente postas, inicio a discussão propriamente dita com uma afirmação por muitos contestada: gosto se discute. Explico melhor: não discutiria o fato de alguém ter gostado da 5ª sinfonia de Beethoven. Entretanto, frente a uma afirmação do horror que é a Sagração da Primavera, de Stravinsky, eu perguntaria: por que horrível?

Não podemos julgar um conceito musical com nossa percepção contemporânea. Façamos um paralelo com a pintura: não podemos dizer que um quadro de Giotto (1266-1337) ou de Picasso (1881-1973) seja feio porque não corresponde à realidade. Suas obras são manifestações originalíssimas das suas épocas, o primeiro trazendo inovações na matéria da perspectiva e o segundo com sua leitura “cubista”. Eles respondiam com suas obras a questões muito contemporâneas – a eles, claro. Mas àqueles que compreendem a inovação daquele balé de Stravinsky, da sua ‘nova’ linguagem moderna, do desafio que foi posto a tudo que era conhecido até então e que, mesmo assim, simplesmente não gostem da música, paciência... Apenas propugno que antes de afirmarem que não gostam desta ou daquela manifestação artística as pessoas se permitam investigar um pouquinho sobre ela, desarmar-se dos preconceitos e simplesmente sentir, tendo aquele conhecimento por pano de fundo.

Quando o assunto é música erudita, Brasília é a cidade das oportunidades para quem quer começar a conhecer ou mesmo para quem simplesmente quer se permitir alguns minutos de deleite com os grandes compositores da música dita universal. Há muita boa música gratuita ou a preços acessíveis, o que, ressalte-se, não é muito comum Brasil afora. Talvez isso se deva ao grande número de bons músicos de que a cidade dispõe. Há a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, que se apresenta todas as terças-feiras, às 20h, com ingressos gratuitamente distribuídos a partir das 12h do dia anterior na bilheteria da Villa-Lobos, sala onde acontecem os concertos. Para os que não conseguiram pegar ingressos, há a chance de ficar em uma fila para a qual o ingresso é permitido 5 minutos antes do começo do concerto, até o limite da lotação da sala. Há recitais semanais, também gratuitos e de elevado nível, no auditório da Casa Thomas Jefferson da SEP Sul EQ 706/906. Por fim, podemos encontrar boa música no auditório do Departamento de Música da Universidade de Brasília ou na Escola de Música de Brasília, com alunos, professores e/ou convidados. Quanto a estas duas últimas sugestões, uma dica: confirme programação e horários, que são muitos e variados, antes de se deslocar até lá. Isso não quer dizer, entretanto, que não estejamos sujeitos a decepções naquelas duas outras salas também, claro. Por fim, há muitas apresentações interessantes no Centro Cultural Banco do Brasil e na sala Martins Pena, cujas programações podem ser conferidas no Correio Braziliense.

Uma vez vencida a inércia que nos faz seguir do trabalho direto para casa, aliada à onipresente e “moderna” desculpa da falta de tempo, permita-se começar um concerto ou recital desacompanhado dos problemas cotidianos ou profissionais. Deixe seu relógio guardado, desligue o celular (por você, pelos seus vizinhos de platéia, pelos músicos e pela música), aliene-se do tempo e entregue-se ao discurso... Sim, porque música é discurso não-verbal. Concentre-se, ouça cada frase musical como um argumento, procure criar conexões entre as frases, dê um sentido a cada uma e ao todo. Essa liberdade de entendimentos é o que torna a música erudita tão incrível.

Nas próximas colunas pretendo continuar abordando temas que, quiçá, permitirão àqueles que não tiveram contato com a música erudita possam dela se aproximar, desvendando seus mistérios e, para os que já têm alguma familiaridade, que este seja um momento de troca. Falarei um pouco mais sobre a idéia de música como discurso e, com base nisso, apresentarei alguns conceitos importantes, períodos, estilos e compositores. Muito há por apresentar, mas o espaço é exíguo. Enquanto isso, estou aberto para comentários, sugestões, perguntas e ponderações que certamente contribuirão para se constitua aqui um espaço efetivo e profícuo de discussão.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Tempus Fugit

Nas situações de crise nos vêm à tona certos temas, aqueles que de certa forma nos intrigam.

No meu caso, o tempo.

Não o tempo como dimensão física, definido a partir da duração de uma transição eletrônica entre dois níveis específicos de energia entre os níveis hiperfinos do estado padrão não perturbado, num átomo puro de Césio , somando 9.192.631.770 períodos dessa radiação... ou algo assim.

...mas o tempo subjetivo e as percepções que enseja.

Quando criança, uma tarde durava uma eternidade. Entre o almoço e o programa do Bozo eu dormia umas duas vezes, fazia uns dois lanches, brincava e quando via não eram ainda nem 17h.
Tudo era novo, a ser descoberto.

O tempo foi passando, os mistérios descobertos, e as atividades passaram a ser rotineiras. Acordo e quando vejo, puf! Já são 20h! Fora um pôr-do-sol extraordinário, ou alguma música que tenha ouvido por acaso do carro ao lado que tenha me lembrado algo, o dia passa de forma quase mecânica. Não me despertam mais interesse todos aqueles sinais, símbolos, pessoas, gestos... fui treinado para isso.

A lembrança de outros tempos inclui "sons e perfumes permeando o ar da noite". Toda aquela sensação de satisfação, de conhecer e ignorar, de perder-se e encontrar-se. Tudo isso faz do passado pleno, atraente, terrivelmente atrativo. Um perigo para os depressivos.

A memória recente: acordar cedo, trânsito, 'conjunto, rodoviária, esplanada, tá vazio!", ofício, memorando, almoço ruim, "brasília, w3norte, tá vazio!", trânsito, muito trânsito, fome, sono, preparar o despertador.

Hoje creio que buscamos o desconhecido devido a uma necessidade de sentir novamente aquelas sensações da infância/adolescência, de constante descoberta. Parece não haver mais o que se descobrir. Que desespero!

Não é a falta de tempo que nos incomoda: a sensação de o tempo estar passando rápido demais se deve ao fato de não repararmos mais nas pequenas coisas. Ligamos o automático e, no máximo, reclamamos. E assim, o tempo vai passando.

Fiat lux.

(Das afirmativas)
Tudo parte do começo. Pois que então cá (re)começo eu. Evitarei transformar isto num confessionário, assim como exercitar quaisquer intenções literárias. Entretanto, nada garanto, afinal eu...

(Do meio-termo ou das indefinições)
Eu? Você não sabe, né? Eu... eu tinha tudo para nada ser. Falhei. Não que seja grandes coisas, mas fugi de tudo (?) aquilo que me parecia determinado pelo universo. Tenho 27 anos, 10 a mais do que tinha previsto chegar aos meus 12 anos.

(Das negativas)
Não virei prostituto, embora goste da matéria. Não me drogo, embora goste de fugir. Não me tornei músico, por mais que tudo me levasse a isso. Nada externo me dói, emociona ou angustia. Somos apenas eu, o centro do universo, o meu, e outros personas, satélites perdidos.

Das generalidades:
Não que seja esse o intuito, mas mais sobre mim se poderá extrair dos próximos textos... por partes, como Jack.