segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Schadenfreude

Incrementei meu humilde vocabulário no idioma de Goethe:

Schadenfreude (IPA: [ˈʃaːdənˌfʁɔʏdə]) - a German word meaning 'pleasure taken from someone else's misfortune'.

Curiosamente a palavra apareceu em bom (?) tempo. Traduz aquele sentimento que acomete algumas pessoas que têm prazer em ver a infelicidade alheia.

Acontece, meus caros, com mais freqüência do que podemos imaginar. Pior é quando vem disfarçado em atos ingênuos de pretensos amigos. Simplismos, soluções prontas, conselhos sempre a postos... cuidado! Há sempre uma dose de influência dos históricos pessoais, anseios, invejas etc. nesses atos. Parcimônia e reflexão é tudo o que posso recomendar.

Cheguei a pensar em me trancar em casa. Não mais veria ninguém. Até do amor pensei em fugir, ao som de "I'll Never Fall In Love Again":

I've been in love so many times / Thought I knew the score / But now you've treated me so wrong / I can't take anymore / And it looks like / I'm never gonna fall in love again / Fall in love, I'm never gonna fall in love / I mean it / Fall in love again / All those things I heard about you / I thought they were only lies / But when I caught you in his arms / I just broke down and cried / And it looks like / I'm never gonna fall in love again / Fall in love, no, I'm never gonna fall in love / I mean it, I mean it / Fall in love again / I gave my heart so easily / I cast aside my pride / But when you fell for someone else, baby / I broke up all inside / And it looks like I'm never gonna fall in love again / That's why I'm a-singin' it / Fall in love, no, I'm never gonna fall in love / Please don't make me / Fall in love again.

... felizmente essas idéias passam. O pessimismo vem em ondas e quebra lá longe.

(grazie, Cordelie, pelo envio do vocábulo e pela lembrança do sucesso de Tom Jones)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

"Se puderes olhar, vê. Se podes ver, repara"

Finalmente assisti o filme "Ensaio sobre a Cegueira".

O dia para vê-lo não poderia ter sido melhor (ou pior, sei lá).

Quantas vezes mecanicamente olhamos mas não enxergamos?

Faltavam duas horas para o começo do filme. Por sorte, encontrei dois vizinhos do meu condomínio que haviam passado a tarde inteira caminhando (foram do final da asa norte até o Pontão e voltaram, passando pelo Brasília Shopping!) apenas para aproveitar o dia que estava bonito e conversarem. Me fizeram lembrar de um tempo que bastava a companhia de um bom amigo, nada mais, para fazer o dia feliz. Compartilhamos experiências diversas, entre elas um singelo teste por um deles sugerido:

Quando conheceres alguém interessante, faça ele(a) assistir "o Fabuloso Destino de Amélie Poulain" (claro que a dica vale para qualquer outro filme, livro ou música que você goste muito). Se não despertar nele(a) nenhum sentimento, avalie bem se é interessante mesmo.

Freqüentemente desprezamos pequenos sinais no nosso cotidiano, nos apegando ao que queremos que os fatos sejam/representem, ao invés de aceitar o que eles de fato são/representam. Não enxergamos.

Enfim, o filme, maravilhoso. Não há nada novo para dizer. As perguntas devem ser as mesmas que todos fazem ao ler o livro ou verem o filme:

- Como pode a falta de um dos nossos cinco sentidos acabar tão rápido com o pouco de civilidade que construímos ao longo de séculos?

- (essa aqui foi roubada de um amigo): Será que já não estamos desprovidos de um sentido que não nos permite ver a realidade como ela é? (só isso justificaria a nossa dificuldade de viver em paz com o próximo)

- Quando vivemos para a satisfação das nossas necessidades mais básicas, egoisticamente, o resultado pode ser desastroso para a sociedade como um todo, não?

- Nós somos 'aquilo' mesmo?

- Vemos, enxergamos, os dois ou nenhum?

- Quão grande seria o fardo de ser o único a enxergar? Como agir? Desistir? Cegar-se também?

(...)

Fui para casa um pouco mais tranquilo, não sei por quê.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Amor?


Algum psicólogo ou entendido do assunto de plantão aí?

São muitas as formas de amar, é verdade, e por isso ninguém há de me contestar. Umas simples, naturais, leves... outras exigentes, obsessivas. Muitas vezes, acho que quase sempre, uma mistura de 'estilos'.

Vou usar este cantinho de confessionário (de novo).
Eu admito não ser muito bom nessa matéria. Tudo começa bem e tal... até o dia que eu começo a questionar se sou realmente amado. Será que essas declarações de amor não são apenas momentos de impulso? Será que esse carinho não é fruto de um momento de carência que faz seu portador encontrar em mim breve porto seguro? Será verdade? Será mentira? Será? Será? E é então que as outras coisas começam a desmoronar, enquanto eu fico tentando ler mentes e interpretar silêncios (ou, às vezes, simples omissões).

Como hoje em dia raramente temos paciência e disposição para quaisquer coisas além dos nossos problemas, que já não são poucos, a solução encontrada tem sido a mais fácil. Tudo isso porque não tive as confirmações que quis para dúvidas que provavelmente eu mesmo inutilmente criei!

Racional? Sei que não. Mas se eu sinto, o que fazer? Ignorar o sentimento? Se for para ser racional, fico eu com meus livrinhos, meu piano, um cinema dia sim, dia não, os amigos. Mas não... quero algo que até hoje não vi ninguém alcançar. Nunca vi nada parecido. Espero conseguir, aprendendo e ensinando, a dois, pois ninguém precisa se submeter às amarras desse meu ideal.

Pronto, falei. Ou melhor, escrevi.