quinta-feira, 5 de março de 2009

Último desejo (ou 'do anel de vidro')

Que esta seja a última vez que eu canto essa musiquinha:

Nosso amor que eu não esqueço
E que teve o seu começo numa festa de São João
Morre hoje sem foguete, sem retrato e sem bilhete
Sem luar, sem violão
Perto de você me calo
Tudo penso e nada falo, tenho medo de chorar
Nunca mais quero o seu beijo
Mas meu último desejo você não pode negar
Se alguma pessoa amiga pedir que você lhe diga
Se você me quer ou não
Diga que você me adora, que você lamenta e chora
A nossa separação
Às pessoas que eu detesto
Diga sempre que eu não presto, que meu lar é o botequim
E que eu arruinei sua vida
Que eu não mereço a comida que você pagou pra mim

(...)

7 comentários:

Silvio Garcia Martins Filho disse...

Eu converso sozinho:

Dos cravos roxos

Esta noite, quando, lá fora,
campanários tontos bateram
doze vezes o apelo da hora,
na minha jarra, onde a água chora,
meus dois cravos roxos morreram...
Meus dois cravos roxos morreram!
Meus dois cravos roxos defuntos,
são como beijos que sofreram,
como beijos que enlouqueceram
porque nunca vibraram juntos...
São como a sombra dolorida
de olhos tristes, que se perderam
nas extremidades da vida...
Oh! miséria da despedida...
Meus dois cravos roxos morreram...
Meus dois cravos roxos morreram!
Meus dois cravos roxos, fanados,
crepuscularam, faleceram,
como sonhos que se esqueceram,
alta noite, de olhos fechados...

Eu pensava numa criatura,
quando os campanários bateram...
Tudo agora se me afigura
irremediável desventura...
Irremediável desventura!
Meus dois cravos roxos morreram...

(Cecília Meireles)

Silvio Garcia Martins Filho disse...

Mais uma pra seleção do momento:

"De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho"

Silvio Garcia Martins Filho disse...

Registro de uma pesquisa sobre a música:

Com este samba, Noel despediu-se de Ceci. Toda a amargura
provocada pelo amor fracassado aparece nesta obra tão endereçada
à ‘‘dama do cabaré'' que ele pediu ao parceiro ‘Vadico' que
entregasse a letra a ela. Segundo contou Ceci ao jornalista, crítico
e historiador Ary Vasconcelos, numa entrevista para a
revista ‘Fairplay', ela recebeu a letra junto com a notícia da morte
de Noel Rosa. João Máximo e Carlos Didier contam que, ao entregar a
letra, Vadico comentou: ‘‘Acho que ele te castiga um pouco neste
samba, Ceci.'' É provável que Ceci tenha-se sentido castigada, mas
Noel contribui, sem dúvida, para mais uma obra-prima da música
popular brasileira.
Este clássico de Noel alimentou, durante muitos anos, a rivalidade
entre as cantoras Araci de Almeida e Marília Batista, ambas
defendendo a posição de intérprete preferida de Noel Rosa. Segundo
Marília Batista, a verdadeira versão de Último Desejo é a gravada
por ela e não a de Araci, gravada em 1937, quando o compositor ainda
vivia. Marília dizia ter aprendido a música com o próprio Noel e,
além disso, a sua versão coincide com a partitura que o autor ditou
para que Vadico escrevesse. A verdade, porém, é que a música foi
consagrada na versão apresentada por Araci de Almeida.

Pedro Fistarol, Ana Tatiana e Julio Cardia disse...

Bah guri...
Tá foda vicê!
Acho que cantarei esta música em pouco tempo.

Mari Ceratti disse...

O Wando regravou essa música para uma coletânea do Noel Rosa. Pense numa interpretação adoravelmente canalha!

Silvio Garcia Martins Filho disse...

Pedro,
cante não! ;)

Mari,
Vou atrás dessa versão agora!

Besos.

Ira Grun disse...

Pessoal,
Essa música "Último Desejo" é uma de minhas preferidas. Concordo que a interpretação da Aracy de Almeida é muito linda, mas, acredito, não chegar aos pés daquela do filme "Noel, poeta da Vila" gravada pelo Wilson das Neves... Confiram!!!