Finalmente assisti o filme "Ensaio sobre a Cegueira".
O dia para vê-lo não poderia ter sido melhor (ou pior, sei lá).
Quantas vezes mecanicamente olhamos mas não enxergamos?
Faltavam duas horas para o começo do filme. Por sorte, encontrei dois vizinhos do meu condomínio que haviam passado a tarde inteira caminhando (foram do final da asa norte até o Pontão e voltaram, passando pelo Brasília Shopping!) apenas para aproveitar o dia que estava bonito e conversarem. Me fizeram lembrar de um tempo que bastava a companhia de um bom amigo, nada mais, para fazer o dia feliz. Compartilhamos experiências diversas, entre elas um singelo teste por um deles sugerido:
Quando conheceres alguém interessante, faça ele(a) assistir "o Fabuloso Destino de Amélie Poulain" (claro que a dica vale para qualquer outro filme, livro ou música que você goste muito). Se não despertar nele(a) nenhum sentimento, avalie bem se é interessante mesmo.
Freqüentemente desprezamos pequenos sinais no nosso cotidiano, nos apegando ao que queremos que os fatos sejam/representem, ao invés de aceitar o que eles de fato são/representam. Não enxergamos.
Enfim, o filme, maravilhoso. Não há nada novo para dizer. As perguntas devem ser as mesmas que todos fazem ao ler o livro ou verem o filme:
- Como pode a falta de um dos nossos cinco sentidos acabar tão rápido com o pouco de civilidade que construímos ao longo de séculos?
- (essa aqui foi roubada de um amigo): Será que já não estamos desprovidos de um sentido que não nos permite ver a realidade como ela é? (só isso justificaria a nossa dificuldade de viver em paz com o próximo)
- Quando vivemos para a satisfação das nossas necessidades mais básicas, egoisticamente, o resultado pode ser desastroso para a sociedade como um todo, não?
- Nós somos 'aquilo' mesmo?
- Vemos, enxergamos, os dois ou nenhum?
- Quão grande seria o fardo de ser o único a enxergar? Como agir? Desistir? Cegar-se também?
(...)
Fui para casa um pouco mais tranquilo, não sei por quê.
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