sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Sobre traição e lealdade (ou Crime e Castigo)



Uma história que ouvi recentemente me fez pensar no assunto. Não era assunto raro nos meus pensamentos mas, para minha própria sanidade, evitei por muito tempo.


...a gente nunca espera a traição, não é? Mesmo porque, se esperasse, não tinha porque namorar. Continuamente 'ficaríamos' com outros. Por mais que eu considere possível a hipótese de trair e ser traído, não sou hipócrita, não acho que valha a pena: tanto pelo mal que vai causar para o outro, para a relação e também para mim. São duas coisas para se pesar: a satisfação momentânea de um impulso e o namoro/encanto/respeito/etc... mas tudo isso varia, hoje eu sei, de relacionamento para relacionamento. Por isso devemos procurar alguém que compartilhe valores próximos.

O que me surpreende nas histórias que ouço por aí é: o que incomoda não é fazer, é ter que contar a traição para o outro. Isso eu não entendo. Como se, depois de fazer, não existisse uma verdade para se enfrentar. Não dizer não significa que a coisa não tenha sido feita. A verdade é uma só, dita ou não.

Se eu fosse dar vazão a todos meus impulsos, estava preso. Ou rico. Ou doente. Sei lá. Um pouquinho de respeito ao que eu acho importante me faz bem. E o outro agradece, tenho certeza.

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E um pouco de sabedoria popular: "Trair e coçar, é só começar".

6 comentários:

Anônimo disse...

"Por isso devemos procurar alguém que compartilhe valores próximos"

FALOU TUDO!!!!

Beijos tio :*

Felipe Rosa disse...

"Se eu fosse dar vazão a todos meus impulsos, estava preso. Ou rico. Ou doente. Sei lá. Um pouquinho de respeito ao que eu acho importante me faz bem."

Algo me diz que concordando com toda essa frase e pondo na minha ótica, eu vou estar discordando de boa parte do resto. O importante é flexível.

Mas também não entendo. Por que se assumir compromissos se não for pra honrá-los, por que desonrar compromissos que se mantém e por que perder tempo com relacionamentos de faz-de-conta...

Saulo disse...

"Namorar" é só o contrário de ficar com outros continuamente? Assim parece que namoro é um contrato de exclusividade sexual! É isso?! Dos mil e um prazeres de namorar, o sexo é apenas um... Por isso que quando o tesão diminui ou passa (e diminui ou passa, inevitavelmente), as pessoas decidem continuar juntas.

Tipo... "valores próximos compartilhados" quer dizer apenas "aposta obstinada numa fórmula comprovadamente falha"? Ou "valores tradicionais da boa moral cristã e heterossexual"? Ou "valores éticos absolutos, cegos à experiência e à realidade"? Ou "meu ciúme e possessividade têm altíssimo valor"? Desculpe, não entendi bem... :O)

Outra premissa questionável: uma trepada não necessariamente vai "causar mal" ao outro, à relação ou a si mesmo. Depende. Depende muito e de um monte de coisas...

Essa história da verdade contada ou não contada também... Não entendo nada. Acho a premissa (que o que "incomoda" seria só contar) falsa e absurda, e a conclusões, completamente incompreensíveis. O que mesmo vc quer dizer? Tipo, what's the point?

Ainda pra polemizar: ninguém tem que dar vazão a *todos* os impulsos, mas não esqueça que, como diria Freud, o reprimido sempre volta, chutando a porta e atirando... Dar vazão a um impulsinho ou outro, quem sabe, pode ser um modo pragmático de manter e cultivar - ou seja, de respeitar - uma relação, e não o contrário.

Anônimo disse...

No one can rationally disagree with Cordeliek. But then again, who's rational when in love? I know I'm not. And when under the influence of this bitter-sweet feeling, a speech like yours is all I could ever want to hear. I think people are lucky to have you. Take care!

Silvio Garcia Martins Filho disse...

Felipe,
Complicado, né?
Escrevi porque me pergunto muito o que é importante nesse assunto. Ainda não tenho resposta suficiente, infelizmente.

Cordelie,
1- namorar não é apenas o contrário de ficar com os outros continuamente. E namoro não é esse tipo de contrato. Mas antes de namorar, não é bom conhecer o que o outro espera do namoro? Por que impor ao outro a sua visão e assumir que todas suas certezas são verdades, ao invés de conversarem? Será que vc tb não pode estar exagerando na sua posição, tão firme e bem estabelecida, quando vc acusa o outro do mesmo, quando ele defende algo que te parece tão conservador e ultrapassado? Será que vc tb não tem nada a aprender com ele?
1b - sim, sexo é apenas um dos prazeres de namorar. Mas se vc disser que vive sem ele, podemos parar a discussão aqui, porque aí sim poderíamos falar em hipocrisia.

2 - Comprovadamente falha? Por quem? Em que revista científica isso está escrito? Cristão ou não, será que não é bom perguntar para o seu parceiro o que ele sente ao invés de tentar mudar seus sentimentos? É mais fácil mudar esses sentimentos do que tentar entender? Quanto à experiência e à realidade, sempre encontraremos dados que comprovarão e refutarão ambas posições. pergunte pra sua mãe se ela acharia normal se seu pai dissesse que come todas as vizinhas. Me desculpe, mas os poucos casos que eu conheço de casais gays que ficam juntos não servem de comprovação para sua afirmação de que o modelo que defendo é falido. Eu não quero ficar com alguém que aceita eu trair só pra não ficar sozinho. Prefiro ficar sozinho.
2b - sobre o valor do meu ciúme e possessividade... alto valor? não! Apenas um sentimento de desconforto e frustração de não ser suficiente. De não bastar. Prefiro ficar sozinho do que conviver com essa sensação.

3 - não pretendi nenhuma generalização com o meu texto. As afirmações dizem respeito tão-somente a mim, dado o meu histórico. Uma trepada do outro vai ME causar mal e ao MEU relacionamento. Mas tvz vc esteja certo: existe uma hipótese de não me fazer mal: eu não me importar, at all.

4 - o problema da verdade dita e tal... tampouco entendi sua crítica.

5 - do que Freud entendia, hein? mente? inconsciente? histeria? que autoridade ele tem pra falar de amor? Aceitar essa justificativa pra mim é o início do fim. Afinal, quando é que podemos dar essa vazões, hein? Que tal nos conhecermos hoje e, depois de te deixar em casa, dar vazão aos meus sentimentos? e no dia seguinte? e todo dia? Qual o limite? Quem diz o limite?

Por fim: sua forma de respeitar é um desrespeito, pois desconsidera o que o outro espera. É como o pai que quer o melhor para o filho e por ele toma decisões, sem perguntar-lhe quais são suas expectativas.

E anônimo... thanks. REALLY! Fiquei muito feliz com seu comentário!
Vou ser um pouco metido: I think that people who have me know how happy they are. E enquanto souberem, me terão. ;)
(ahn, sim... já tem um nome para 'they')

Anônimo disse...

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