quinta-feira, 12 de abril de 2007

Tempus Fugit

Nas situações de crise nos vêm à tona certos temas, aqueles que de certa forma nos intrigam.

No meu caso, o tempo.

Não o tempo como dimensão física, definido a partir da duração de uma transição eletrônica entre dois níveis específicos de energia entre os níveis hiperfinos do estado padrão não perturbado, num átomo puro de Césio , somando 9.192.631.770 períodos dessa radiação... ou algo assim.

...mas o tempo subjetivo e as percepções que enseja.

Quando criança, uma tarde durava uma eternidade. Entre o almoço e o programa do Bozo eu dormia umas duas vezes, fazia uns dois lanches, brincava e quando via não eram ainda nem 17h.
Tudo era novo, a ser descoberto.

O tempo foi passando, os mistérios descobertos, e as atividades passaram a ser rotineiras. Acordo e quando vejo, puf! Já são 20h! Fora um pôr-do-sol extraordinário, ou alguma música que tenha ouvido por acaso do carro ao lado que tenha me lembrado algo, o dia passa de forma quase mecânica. Não me despertam mais interesse todos aqueles sinais, símbolos, pessoas, gestos... fui treinado para isso.

A lembrança de outros tempos inclui "sons e perfumes permeando o ar da noite". Toda aquela sensação de satisfação, de conhecer e ignorar, de perder-se e encontrar-se. Tudo isso faz do passado pleno, atraente, terrivelmente atrativo. Um perigo para os depressivos.

A memória recente: acordar cedo, trânsito, 'conjunto, rodoviária, esplanada, tá vazio!", ofício, memorando, almoço ruim, "brasília, w3norte, tá vazio!", trânsito, muito trânsito, fome, sono, preparar o despertador.

Hoje creio que buscamos o desconhecido devido a uma necessidade de sentir novamente aquelas sensações da infância/adolescência, de constante descoberta. Parece não haver mais o que se descobrir. Que desespero!

Não é a falta de tempo que nos incomoda: a sensação de o tempo estar passando rápido demais se deve ao fato de não repararmos mais nas pequenas coisas. Ligamos o automático e, no máximo, reclamamos. E assim, o tempo vai passando.

Fiat lux.

(Das afirmativas)
Tudo parte do começo. Pois que então cá (re)começo eu. Evitarei transformar isto num confessionário, assim como exercitar quaisquer intenções literárias. Entretanto, nada garanto, afinal eu...

(Do meio-termo ou das indefinições)
Eu? Você não sabe, né? Eu... eu tinha tudo para nada ser. Falhei. Não que seja grandes coisas, mas fugi de tudo (?) aquilo que me parecia determinado pelo universo. Tenho 27 anos, 10 a mais do que tinha previsto chegar aos meus 12 anos.

(Das negativas)
Não virei prostituto, embora goste da matéria. Não me drogo, embora goste de fugir. Não me tornei músico, por mais que tudo me levasse a isso. Nada externo me dói, emociona ou angustia. Somos apenas eu, o centro do universo, o meu, e outros personas, satélites perdidos.

Das generalidades:
Não que seja esse o intuito, mas mais sobre mim se poderá extrair dos próximos textos... por partes, como Jack.